Pois é.
Passei um dia em Nova Lisboa para rever uns amigos que estavam a tirar recruta na – EOM – Escola de Oficiais Milicianos – e no dia seguinte tinha de basar.
Saí bem cedo, pelo Bairro São João na saída para a Caála e lá fui mais confiante, com melhor clima em direcção ao Lobito.
Como não podia perder tempo, reabasteci a Puch e os jerricans no Cubal e o destino era o Lobito onde tinha pessoal conhecido da vela, já que era praticante federado da modalidade, campeão em Vaurien, lololol.
No Lobito fiquei num Clube de Vela e sei que jantei num Restaurante com umas vidraças junto a baía, há coisas que nos marcam e nunca mais esquecemos, até os pequenos pormenores.
No outro dia de manhã bem cedo, sempre às 4 ou 5 da matina, eu e a minha Lady, lá partiamos para Moçamedes, cantando e rindo quase sempre a beira mar, com uma visita a Baía Farta, sempre os Bigs carangueijos e ao terminal portuário de Saco de Mar para carregamento de minério ferro das minas da Cassinga/Jamba, era uma obra única de engenharia do Professor Engenheiro Edgar Cardoso.
Era uma obra de sonho, tal como a viagem, entravam os vagões carregados de minério de ferro e descarregavam nos super navios por rotação e saíam do outro lado sempre em circulação, pessoal aquilo era uma alta obra, ainda falam mal dos nossos engenheiros.
Bem, a viagem estava quase a terminar e sem qualquer problema.
Quando cheguei a Moçamedes, fui procurar uma espécie de INATEL, não me lembro do nome, que tinha uma colónia de férias junto ao mar e por 12$50, tinha direito a dormida, pequeno almoço, almoço e jantar.
Foram uns dias de praia e de umas voltas de barco a vela em snipe com os meus amigos do Clube de Vela de Moçamedes.
Entretanto veio ter comigo de avião o Gennaro Pugliese e que tinha mandado a seu Kraidler Florete – escrevo como digo -via camioneta, seja o man só veio depois de eu chegar, não acreditava que a minha Lady aguentasse a viagem.
Bem, agora acompanhado lá fomos eu e o Gennaro até ao a entrada do Deserto ver a welwitschia mirabilis.
Encontramos muitos bosquimanes e algumas avestruzes, ao fim do dia regressamos a Moçamedes.
Estivemos mais uns dias na praia e voltamos os dois, felizes e contentes para casa via Sá da Bandeira, passando por Norton de Matos onde sem saber encontrei uma colega do curso de Quimica da Escola.
Sei que chegamos a Luanda a um Domingo de manhã depois de termos sido corridos pela polícia porque estavamos a dormir nos bancos da igreja do Dondo, dormida santa pensava eu.
Lisos de guito, decidimos partir para a Estação de Caminho de Ferro do Golungo Alto já passava da meia noite, mas tinha de ser, senão íamos para a esquadra.
Mas a zona de Golungo Alto até Catete era fogo com o MPLA, a entrada do Golungo Alto apanhamos a tropa e fomos para a estação de caminho de ferro.
Lembro-me perfeitamente de me deitar junto a Lady na minha esteira com a manta a cobrir e de amarrar a Lady a uma perna com um fio do tipo pesca, por causa dos roubos,lololo, mas às 5 da matina o Chefe da Estação correu connosco e só pararmos na Ponta da Ilha em Luanda.
Depois muito depois as viagens passaram ser de Yamaha, primeiro uma 250 a dois tempos e depois uma 750 Four a quatro tempos.
No Dondo depois de abastecer a 250.
Bem estou feliz, já chorei e muito as vezes compulsivamente, já ri, já limpei a “Dor” de não puder voltar a minha Terra, Angola.
Este texto não foi editado.
Comentários
Um comentário a “VIAGEM DE SONHO – ANGOLA 1968 – Parte 2”
E engraçado tb tive uma Honda 500four e depois uma Yamaha RD250.Se um dia quizer visitar a sua terra cá estou com um espírito mais ou menos parecido e quem sabe o acompanharei. Forte Abraço