9.º Dia
Boucle por Dakhla – 75 Kms
A manhã deste dia foi ocupada com reparações mecânicas, bem como em usufruir da baía de Dakhla a partir da magnífica esplanada do café-restaurante Smarkand, o que aconselhamos.
À tarde, uma volta por Dakhla. Primeiro o seu lado atlântico, depois a baía. Pudemos observar aldeias de pescadores, o vaivém constante dos barcos, numa “cidade” de barracas de pano todas encostadas por causa do vento. Uma matilha de cães pescadores, na zona da baía, fazia a nossa delícia, tal a arte de apanhar peixe para a sua subsistência, assim como imensos flamingos.
Misturados e omnipresentes, inúmeros Land e Santana, símbolos das décadas colonialistas de 60-70. Rover Serie.
O dia não podia terminar sem uma visita ao souk, na praça principal, onde se podia comprar todas as novidades em perfumes, roupas ou até gadgets.
10.º Dia
Dakhla a “Moscas” – 500 Kms e “Moscas” a Laayoune – 138 Kms
Com a alteração do percurso ocorrida no sexto dia da expedição, agora a rumar de sul para norte, os próximos dias previam-se longos. Mantínhamos o propósito de completar o percurso de Smara a Laayoune. O mesmo era dizer que teríamos que subir por pista de Bir Anzarane ao ponto marcado como Bivouac 2, completando o que havíamos interrompido em Gtem at-Talh (“Moscas”) e daí rumar a Laayoune, num total de 638 km.
A saída de Dakhla deu-se bem cedo. Optámos por ligar a Bir Anzarane pelo asfalto. Foram 203 km muito rápidos, pois era importante recuperar os dias que foram necessários para recuperar alguns dos 4×4.
A sensivelmente 10 km daquela localidade começava a pista, junto a uma placa de localidade “Tanafad”.
De piso duro, larga e rolante, conduzir-nos-ia a um hotel-restaurante já à entrada de Bir Anzarane. Excelente infraestrutura de apoio ao viajante, dotada de mercearia e talho. Aí, aproveitámos para adquirir parte de um cabrito, para uma grelhada ao jantar em Tan Tan Plage..
O ritmo imposto, bem como as condições proporcionadas pela grandeza da pista, já que nela se sucediam zonas de piso duro e pedregoso com zonas de areia e valas, para depois pisarmos planaltos muito rápidos, levaram a que alguns dos 4×4 atingissem elevados consumos e se vissem obrigados a paragens para reabastecimento por jerrican.
Houve ainda quem furasse (N24 47.628 W13 34.570). Seriam na verdade dois furos quase seguidos e no mesmo 4×4, mas nada que não se resolvesse com um taco. E logo se retomava a marcha, sempre dentro dos marcos da zona desminada.
Nesta altura, cada um seguia ao seu próprio ritmo, tendo por destino o ponto à “Moscas”, previamente marcado nos seus dispositivos GPS. Acabariam por demorar a reencontrar-se, pois, os mais “atinados” conduziram os seus 4×4 entre os 80 e 100 km/hora, ao passo que os outros optaram por um ritmo mais elevado. Chegados às “Moscas”, distávamos apenas 10 Km do asfalto e 130 km de Laayoune, para a qual avançámos, já que pelos nossos cálculos a atingiríamos ao início da noite.
Árvore Vasco Lima
À entrada de Laayoune e ultrapassado o controlo policial, alguns dos 4×4 deram sinal de que se encontravam praticamente sem combustível, o que obrigou ao reagrupar da caravana. Em boa hora tal sucedeu, já que só aí nos apercebemos que a rela da bomba de vácuo de um do Discovery 300 Td1 do Firmino, necessitava de ser urgentemente substituída, tal era a mancha de óleo que se acumula no solo. Provisoriamente, a abertura foi tamponada, com uma rolha de modo a assegurar chegar em segurança à cidade. O dia seguinte seria reservado à sua substituição em definitivo numa das várias oficinas.
Por esta altura o tempo apresentava-se mau, com muito vento e areia no ar. Optámos por pernoitar no Hotel Salwan (N27 08.452 W13 11.136).
11.º Dia
Laayoune a Tan Tan Plage – 337 kms
Os dias que agora se avizinhavam já não nos exigiam pressa. Tínhamos as pistas quase todas feitas, pelo menos às que originalmente nos propusemos levar a cabo, pese embora todos os contratempos, surgidos, mas que foram sempre resolvidos em camaradagem.
A antiga pista até Tarfaya corre ao longo da costa. Está agora asfaltada e permite um passeio calmo e bonito junto ao mar. Os antigos barcos naufragados, imagem de marca destas paragens, têm vindo a ser progressivamente desmantelados. Segundo fonte militar, o próximo será o famoso “Armas”.
Tarfaya, é uma cidade calma. Nela encontramos a “Casa Mar”, fundada pelo megalómano escocês Donald Mackenzie em 1879 para funcionar como entreposto comercial, bem como o Museu e o Monumento em memória a Antoine Saint-Exupéry, lembrando os tempos em que a cidade foi usada como escala para voos dedicados ao correio aéreo.
Já na zona das bombas de combustível, à saída de Tarfaya, onde reabastecemos com gasóleo “subsidiado” (a cerca de 0,60€ o litro) dividimo-nos em dois. Um primeiro grupo optou por um ritmos de passeio, com visita à Cueva do Diabo ou “Afundanço” (N28 06.407 W12 02.272) e à Reserva Natural de Naíla (N28 01.725 W12 14.372).
O outro rumou a Tan Tan Plage, para que um Defender 110, tivesse uma pequena revisão, na oficina (N28 29.603 W11 19.816), do nosso amigo mecânico, que em 2011 substituiu o turbo da “SA vimbi”.
Optámos por ficar no Camping 2 Chemaux (N28 29.084 W11 19.290), com boas condições e onde somos sempre bem recebidos. A dona cedeu-nos a sala de jantar, onde saboreámos o cabrito comprado em Bir Anzarane. A refeição só terminaria com os excelentes gelados que o restaurante possui.
12.º Dia
Tan Tan Plage a Camping Aourir – 424 Kms
Um regresso calmo, com a visita ao velho Ksar de Tafildint (N28 32.548 W10 59.169) e a Guelmin.
Em Guelmine optámos por nos dirigirmos a Aglou Plage (N29 48.185 W9 50.164). Aí realizaríamos uma das mais emocionantes pistas ao longo da costa. Infelizmente, o adiantado da hora, não nos permitiu cumpri-la em toda a sua extensão (Tifnit) como seria nosso desejo. Mas ficou prometido para 2014. Foram cerca de 30 km de areia, junto a uma costa linda e com um pôr-do-sol, maravilhoso.
Chegámos ao Parque de Campismo de Aourir (N30 29.684 W9 37.406) perto da meia-noite, não sem antes atravessarmos Agadir. Um excelente parque, limpo, bons sanitários, ambiente calmo e piscina.
Uma refeição rápida e muito trabalho noturno para colocar em condições das mazelas da dura pista o Defender 300 Tdi “Martelinho”. Esteve, foi alvo de reparações e reapertos, até bem perto das 4h00m da madrugada. Os problemas que o apoquentavam eram os “de sempre”: cubos das rodas e rolamento da roda da frente. Mas à hora de partir, o velhinho Defender 300 Tdi “Martelinho” estava sempre pronto.
13.º Dia
Camping Aourir a Sidi Kaouki – 197 Kms
O Vale do Paraíso que começa em Oulma e segue quase até as Cascatas de Imouzzer, é de rara beleza e tranquilidade. Segue quase sempre ao longo de um Oued e de um Palmeiral, numa pequena estrada asfaltada (7002), muito estreita. Sobre esta e aproveitando os espaços verde, uma sequência de albergues e pequenos bares ou cafés que permitem ao viajante recuperar as forças e apreciar a natureza.
Destacamos os seguintes:
- O Camping Aourir, (N30 29.730 W9 37.435);
- O Auberge Imouzzer, (N30 35.802 W9 30.230);
- O Hotel Tirit, (N30 35.959 W9 29.833);
- O Restaurante/Auberge La Belle Vue (N30 35.866 W9 30.558), vista é fantástica.
Junto ao cruzamento da 7001 com a 7002 uma surpresa animaria ainda mais os expedicionários: a pista em espiral até Targa Injaaf. Tratava-se de uma pista estreita que se estendia por 11 km, com ganchos apertados e a terminar junto a um belo Oued, com a sua envolvente verde. Como não vinha nos mapas ou cartas, demos-lhe o nome de “LandLousã 2”.
Com a ajuda da população foi-nos indicado um local agradável com sombras para almoçar.
Tempo ainda para trocarmos fotos com alguns dos residentes e oferecermos uma bola de futebol aos miúdos.
O dia terminou junto à costa, mais precisamente Sidi Kaouki, no Camping Kaouki Beach (N31 21.067 W9 47.697) onde pernoitaríamos, e com uma visita a Essaouira para saborear peixe grelhado num dos seus inúmeros restaurantes. A noite estava fria, e nós experimentávamos um sentimento misto, próprio de quem estava feliz por regressar e simultaneamente triste por acabar mais uma expedição.
Dias 14.º e 15.º
Essaouira a Asilah e a Tânger Med – 758 kms
Um dia de regresso que seria banal não fosse o “Martelinho”, ter os seus pneus em muito mau estado, a obrigar a reduzir a velocidade da viagem. Tal permitiria ao velhinho Defender 300 Tdi, chegar a Escalos de Baixo, Castelo Branco, sem incidentes ou avarias.
Parte do grupo optou por rumar ainda a El Jadida, a antiga Mazagão portuguesa e património mundial, de modo a visitar a cidadela (“Cité Portugaise”) e em especial a sua cisterna manuelina. Tão atentos vinham aos seus rádios CB que passaram pela placa que os devia encaminhar para Tânger.
Acabaram por entrar em Rabat à hora de ponta. Assim, quando chegaram a Asilah já a noite ia longa.
No Ferrie, fomos recordando os momentos mais emocionantes da Expedição, marcando para 2014 e na mesma data o “Trans Marrocos 2014”, uma expedição em forma de “U” ao longo das duas fronteiras de Marrocos e da sua costa atlântica.
Até 2014, pessoal…
Até 2014…………