TAMANRASSET VERSUS TIN-ZAWATINE, Março de 1993

30 de Março de 1993 – A Saída de Tamanrasset foi cerca das 19:00 horas e era importante deixar a cidade o mais rápido possível depois de dois dias de imensa pressão, pois,  a polícia fazia constantes investidas para fazer perguntas. Devido a situação, a partir de Tamanrasset, tivemos que levar um “Guia”. A paragem seguinte foi em Abalessa, onde estivemos retidos, em mais um controle policial. Decidimos seguir por pista em direcção a Silet, contudo, um Kms à frente, decidimos parar e dormir dentro dos carros, pois era urgente recuperar o tempo perdido e avançar, sabendo que nos esperavam muitos problemas na fronteira, como se vieram a passar.

 

31 de Março de 1993 – Partimos às 5:00 horas da manhã, estava muito frio e ao Km 130 um dos 4×4 teve o 1.º furo. A “pista” era típica do Teneré, plana até a aonde a nossa vista alcançava o horizonte, salpicada de pedra miúda, demolidora para os 4×4. O almoço foi feito em andamento, não se podia parar, umas latas de atum com bolachas de água e sal. O UMM Alter Turbo, duplamente carregado, transmitia à cabine um calor insuportável, mas fiável. Tinha dois eixos de Willys, fortes e resistentes para a pancada, com diferencial e semi-eixos reforçados.

A velocidade aumenta e o ritmo é elevado, os cerca de 35 4×4 rolam lado a lado, o que permite avaliar a largura da caravana. Um dos Toyota, da equipa médica – António Marques – acerta num pedregulho e a roda da frente do lado direito encosta a travessa do chassis. Estava um sol impiedoso, seria cerca do meio-dia, não havia nada só calhau, com é típico do Deserto do Teneré.

Rapidamente se reparou a avaria e retomamos a “pista”, passamos por Silet e depois de 330 kms estávamos ao final da tarde a cerca de 30 Kms de Tin-Zawatine.

Na zona do Oued In Selfi, a pista tinha bifurcava em dois e 4 dos 4×4, seguem pela pista antiga. A caravana para e espera que tudo se reagrupe. A noite caiu, e o reagrupar do grupo está a ser difícil e motivo de preocupação, pois estávamos muito perto de entrar numa zona de ninguém e com muitos problemas de segurança. Todos nós sabíamos que 4×4 fora ca caravana, não deve inventar, deve parar e aguardar que o venham buscar, inventar e de noite é perigoso. Foi através de sinais de luzes que foi possível reagrupar a caravana já a noite ia longa.

Tivemos um jantar esplêndido, alcachofas, esparguete e umas bejecas frescas. Os “perdidos” chegaram ao acampamento por volta das 3:00 horas da matina, cansados e assustados, e não seria caso para menos.

 

1 de Abril de 1993 – Chegamos a Tin-Zawatine bem cedo e aí começou um novo calvário de pressão sobre a caravana, mas isso merece outra memória, já que nunca tivemos uma chantagem tão grande e desumana como nos dois dias que estivemos ao sol a espera de um simples visto.