A etapa entre Bin Ouidane e Agouti, era rolante e por uma das zonas mais belas do Alto Atlas, o Valée des Aít Bougoumez. A tentativa de fazer o H1, tinha caído por terra, quando soubemos que as fortes chuvadas dos dias anteriores tinham obstruído novamente a Pista de Anergui à Cathedral des Roches.
Optamos então por rolar com calma até Agouti, por uma zona rica em agricultura e com o maior nº de Gîtes de Marrocos.
Dar Itrane, é um desses Gîtes e talvez um dos que tem qualidade acima da média.
Depois de Agouti, paramos para descontrair e fazer o troço entre Imi-N-Talat e Ait Bouzid, com passagem por Tarbat-N-Tirsal, seja fazendo a Pista de Tirsal como é conhecida.
Depois de Agouti, há uma bifurcação com dois ramos, um que sobe em direcção a Ait Mohammad e acede a Azilal ou Demnat, por asfalto ou o ramo que desce até Imi-N-Talat, por asfalto e depois por Pista até Ait Bouzid.
Estávamos já no final da tarde e Marco Lino, entra em Pista, numa zona de terra vermelha com alguma lama e barreiras caídas. Lentamente fomos progredindo com todas as cautelas já que a Pista estava escorregadia.
Depois do cruzamento para Abachkou, subimos para um planalto em que a Pista tinha desaparecido por completo obrigando a uma navegação exigente, trialeira em piso de lamelas de xisto, aparecendo de quando em vez uns enormes rebanhos de cabras e ovelhas. A altitude da Pista variava entre os 2300 e os 2400 mts.
Nas calmas e sob o lema “Devagar, mas com estilo”, chegamos a Ighir-N-Tissent, que não seria mais que um núcleo de apoio aos pastores, descendo depois até Tarbat-N-Tirsal, por trilhos muito perigosos, já que as barreiras caídas de lama dificultavam a progressão em segurança. Mais tarde enquanto aguardavamos por uma boa Tagine de Poulet, Marco Lino, em jeito de desabafo, disse que sentiu respeito por essa zona do percurso. Pese embora os perigos da pista, as paisagens e a riqueza agrícola da zona, faziam valer a pena o esforço do final da tarde.
Antes de chegar a Tarbat-N-Tirsal, as imagens das aldeias encaixadas nas encostas davam um visão de quanto era rica aquela zona. O Lugar de Tagassalt, é um desses exemplos, encaixado na encosta e rodeado de pequenas plataformas de centeio, trigo e hortas.
A chegada a Tarbat-N-Tirsal, foi meio atribulada, já que apareceram muitos miúdos, naquela terra os nascimentos suplantam todos os indicadores de natalidade. Por lapso enviamos pela encosta para dentro do lugar, obrigando a manobras com ajuda da população.
A descida até Tilsghit foi do melhor, porque a Pista atingia a cota 1350 mts, através de um caminho estreito escavado na encosta que nos levou até Ait Boulmane, onde potentes máquinas estão a abrir um novo até Tarbat-N-Tirsal, bem como a colocar uma nova linha de alta tensão, para fornecer energia eléctrica as populações.
Cansados mas felizes, chegamos por volta das 21:00 horas ao Gîte Imi-N-Ifri em Ait Bouzid, Gîte, que recomendamos.
Demoramos cerca de 4 horas a fazer os cerca de 56 kms de Pista digna desse nome, sabiamente conduzidos pelo Marco Lino, que teve uma navegação precisa em terreno exigente, por vezes duro outras vezes escorregadio. Thanks Marco Lino.
Fiquem bem.
Valée des Aít Bougoumez
Tagassalt e a agricultura em socalcos
Uma caixa de direcção “Cassé”
As chuvadas do dia anterior e muitos calhaus
Tagassalt e a montanha, peça única