ASRIR VERSUS TAN TAN – A P7099, QUE JÁ FOI PISTA

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Asrir versus Tan Tan, não é mais que o relato de uma etapa com cerca de 170 kms de Todo Terreno, entre Asrir, próximo de Guelmin e Tan Tan. Uma etapa dura, demolidora para os 4×4, para as pessoas e como muita navegação a que se juntou um calor tórrido, quase sufocante, que secava o céu da boca.

Quando saímos pela manhã das Termas de A’Bayno -Termas que vale a pena visitar, acampar ou pernoitar em Hotel, já que os banhos em água termal de 38º para os homens e 28º para as mulheres, em águas sulfurosas, permitem recuperar da pancada das pistas dos dias anteriores – não esperavamos um dia tão demolidor e exigente para nós e para os Land Rovers.

Como se sabe a maioria das Pistas das zonas limite com a Argélia e na zona do que se designa por Sahara Ocidental, estão quase que interditas ou abandonadas, por motivos óbvios que não interessa aqui abordar.

A informação que fomos tendo era que já não existiam a Pista, e que o acesso seria pela nova estrada asfaltada. Optou-se então por procurar a Pista com apoio da cartografia, percorrendo alguns Kms em corta-mato.

Em Asrir, onde era suposto começar a Pista, não havia sinais, e onde possivelmente começaria a Pista estava agora um cemitério, pelo que se decidiu que um dos carros iria através de wpt’s, procurar a Pista ou restos dela, o que aconteceu perto das 9:21:41H, nas coordenadas 28º 57,979’N e 10º 01,6293’W.

Via CB, reagrupou-se o pessoal e passamos ao ataque da Pista, navegando em duas frentes, com o Topo Maroc da Garmin V2, via Mapsource e com cartografia militar à escala 1:100 000 e 1:250 000, via Oziexplorer.

O avanço ia-se fazendo sem dificuldades, até à 12:12H, no ponto 28º 44,405’N e 10º 13,511W, ao longo da antiga Pista 7099, em que Douar el Ain seria um ponto de passagem e uma referência a nossa navegação, seja como que uma âncora ou baliza. Neste ponto a Pista tinha desaparecido completamente, não havendo sinais da sua existência, para além de um vale em que a saída era algo que não se vislumbrava.

Optou-se então por almoçar junto a um Oued, que tinha algumas árvores com boas sombras e analisar a opção a tomar. De referir que durante o percurso fomos tomando notas e marcando pontos para um possível track back.

Recuperados após um bom almoço de umas latinhas de conserva e com temperaturas acima dos 50º, decidimos avançar, “Devagar e com estilo”, com auxílio da cartografia até Ait Oussa, pelo leito de um grande Oued Serkes, cheio de calhau rolado, sulcos, xisto, em que a atenção foi redobrada, já que era fácil rasgar um pneu ou partir um semi-eixo com uma simples pancada numa das valas. Esta volta relativamente ao percurso idealizado, acrescentou mais de 14 kms, já que Ain Kerma, passa a ser o nosso novo objectivo.

 O esforço a que foram submetidos os nossos Land Rovers foi imenso, pelo pó, pelo calor que chegou a ultrapassar os 55º e pelo trabalho da caixa de celocidades e de transferência.

A partir de Ain Kerma,  a coisa complica-se, já que a pista desaparece por completo e a navegação no Ozi a escala 1:250 000 ou 1:100 000, não permite avaliar os avanços, já que a evolução do ponteiro no mapa é quase nulo face a grandeza da sua escala.

Ain Kerma, não é mais que duas ou três casas de pastores e onde existe as ruínas de um antigo forte face a sua localização estratégica, e isso para nós era importante, já que poderia haver recolha dos animais para venda e como tal, encontrar a Pista mais adiante. Marco Lino, que vinha a frente da caravana nesta altura, faz um excelente trabalho e com calma encontra a pista mais a frente numa passagem profunda de um Oued. Os tufos de erva complicam mais a navegação e o avanço dos veículos, que entram num dos mais famosos Oueds de Marrocos o Oued Draa.

Depois foi seguir novamente por um Oued Draa, com muita pedra, até a um ponto importante em termos de navegação, já que havia duas opções, seguir pelo Oued ou subir uma encosta, repleta de pedra solta. SAvimbi opta por avaliar a rota do Oued e constatat que se dirige novamente a Ain Kerma e via CB, indica que a opção é subir a encosta. Marco Lino avança lentamente e com cuidado e todos os outros fizeram o mesmo até encontrar uma “Pista”, digna desse nome. Depois uns Kms mais adiante, Marco Lino, informa via CB, asfalto à vista para Tan Tan. Paramos junto ao asfalto, bebemos umas bejecas bem frescas, aliviamos a pressão e partimos para a foto de família a entrada de Tan Tan. 

O mapa dá a ideia da volta que tivemos que fazer para reencontrar a P 7099.

Foi duro, muito duro, exigente, mas os Land Rovers aguentaram a sova, o pessoal da expedição, manteve-se coeso e animado, nunca houve hesitações ou receios, sabiamos por onde andavamos e para onde queriamos ir. É nisso que apostamos nas nossas Expedições, arriscamos, mas com o rico calculado, vamos a descoberta, mas com todas as alternativas estudadas e sobretudo e o mais importante, somos um grupo coeso, muito coeso em que confiamos uns nos outros e não negamos fogo, sempre sob o lema “Devagar, mas com estilo”, by Leonel Sousa.

Valeu a pena, valeu mesmo a pena.

No dia seguinte o Turbo do SAvimbi rebentou a caminho de Smara. Coisas da vida, que nos levam a não pensar, e se tivesse rebentado na Pista? Quem o tirava de lá? O Expedicionários concerteza!

Fiquem bem.

Uma espécie de Turbo

Pedra. Pedra e mais calhau

 E mais pedra

E mais pedra

Cache LandLousã

O amortecedor que teimava em dar luta, e a pedra do percurso

Entrada de Tan Tan


Comentários

4 comentários a “ASRIR VERSUS TAN TAN – A P7099, QUE JÁ FOI PISTA”

  1. Avatar de Luis Fonseca
    Luis Fonseca

    Parola, OBRIGADO.
    Espero “um dia” poder acompanhá-lo……. devagar e com estilo, pois sei que irei…….iremos seguros.
    LFonseca.

  2. Sim, sim, OBRIGADO mesmo. Vai haver mais? 🙂 Já que não fomos ao menos viajamos na maionese.

  3. Avatar de Marco Ascensão
    Marco Ascensão

    Como alguém disse: “Foi um dia glorioso para a LandLousã”.

  4. Avatar de João Dias
    João Dias

    Até me babo de ler estes posts…. um dia irei lá…. se calhar para o ano! quem sabe… se ainda tiver o Td5!!!! mas de certo que um dia irei lá ( Africa….) o berço o inicio….
    Grande abraço Parola, quando vier a Figueira “apite”!!!!!

    João Dias