Boas.
Todos nós temos os nossos momentos de glória e eu já tive alguns, bastantes até.
Um dia o Metello disse-me “Parola, que tal irmos ao Portugal 1000”, a resposta estava logo lá, “Embora, estás a espera de quê?”.
O nosso carro era um UMM Turbo dos 1.ºs a sair e estava todo de origem.
Falamos com o “Tuxa”, o Pedro Bastos na altura dos UMMs e levamos o carro a Lisboa para ser afinado.
Metemos 2 amortecedores por roda, mudamos a pressão do turbo e fomos a sucata comprar uns cintos de segurança para em casa fazermos uns cintos de 4 apoios ou pontas.
Capacetes tipo “penico” e lá vamos para o Parque Fechado defronte dos Jerónimos e depois para as verificações técnicas num quartel que havia ou há a subir para a Ajuda.
Passamos no teste com alguma benevolência do comissário que se ria a brava dos nossos cintos de segurança, mas estavamos admitidos e era isso que interessava, entar no Parque Fechado dos Jerónimos ao pé das grandes máquinas.
Aquele Parque fechado era “medonho” de grande, uma organização a Megre, metia pilotos de marca e até Touaregues do Niger, ya um tipo porreiro que tinha uma agência de 4×4 no Niger, cujo nome agora não me recordo. Basta ver a lista de inscritos para andarmos todos “inchados”.
Bem de manhã cedo, com road book na mão fomos para o Prólogo, na zona de Pegões para uma Herdade dos Pedro Queirós Pereira.
O João Bandeira que andava nas motas e tinha vencido um Transportugal, um bocado por culpa minha compra um UMM Troféu e alinha com o filho do Balsemão do Expresso, o Henrique Balsemão, a pendura, que apanhou a “Borra” tal o andamento do João Bandeira. O Bandeira uma semana antes foi treinar para o Aeródromo com a mulher e pareceu-me em casa a dizer “capotei o UMM”. Fomos pôr o UMM na horinzontal e o carro e foi para a prova.
Bem, estamos na zona do Prólogo a espera da nossa vez, e eu começo a ver o pessoal com os carros todos “kitados”, capacetes com intercomunicador, fatos de competição e nós nada. Metello de sapatos de pala,camisinha branca, a sua inconfundível calça de tirylene cinza escuro e óculos bués de escuro, eu de calça de ganga e sapatilhas, um estilo mais cool.
Quando faltavam os 3 carros para chegar a nossa vez, Filipe Botton o homem forte da Logoplaste, chega ao pé de nós e dispara, ” como sou mais rápido que voçês, quando ouvirem a buzina de ultrapassagem, aquela tipo emergência, encostem”. Metelllo sempre sisudo diz “concerteza”.
Botton, afasta-se e Metello desabafa, ” vou encostar é no ca….o”.
Chega a nossa vez e Megre ri-te dos capacetes e dos cintos, e começa 5,4,3,2,1 e partida.
Começo a dar as notas a Metello, mas o brulho dentro do UMM era tanto que nem a berrar se ouvia.
Os cintos não seguravam um tipo no banco, que eram normais, nem sequer tinham encostos laterais o que obrigava a ter as mãos no tablier e notas nada. Decidimos seguir o rasto na pista sempre prego a fundo, aquelas mudanças entravam no limite e arranhavam sempre, mas Botton é que não podia passar, palavra de Metello.
Ao fim de uns 4 ou 5 kms dos 14 que tinha o prólogo, já não tinhamos amortecedores, o UMM voa descontrolado e batia por todo o lado, mas Botton não podia passar e eu picava o Metello para acelerar ainda mais. Depois naquela curva onde havia bués de pessoas e a areia era mais que muita, o pessoal puxava pelos pilotos era a loucura total, Metello ainda dá mais gaz e a curvar para a direita na areia numa curva a quase 90.º o UMM enterra a frente e enrola-se capotando, dando umas 4 ou 5 voltas.
Os cintos funcionaram, ficamos dentro do UMM um bom bocado a tentar libertar dos cintos, depois lá saímos com o nosso “momento de glória”.
A televisão estava a transmitir o prólogo através do Eurosport para todo o mundo e o nosso patrocinador a EFAPEL que estava numa reunião em Paris, foi chamado a uma sala ao lado para ver o seu “carro” de pernas para o ar. Ele disse que o retorno tinha sido bom.
Com a ajuda do público metemos o carro direito e fomos fazer o resto do prólogo a deitar fumo por todo o lado.
PS: Os carros saíam de minuto a minuto e o Botton passou no sítio do capotanço 1’30” depois. Pelo menos Metello ganhou a Botton, cerca de 30”.
Levamos o carro para o Parque Fechado nos Jerónimos e por aí acabou a eventura.
Mas ficamos felizes.
E faziamos poeira….. em grande estilo…….eheheheh…ahhhhpoiéeééééééé´…nada de tretas.
Um thanks ainda hoje a EFAPEL, a COPINAQUE e a FAMACOPE, patrocinadores de sempre.
Fiquem bem.
Estas memórias fazem bem.
Inté.
Mungo ué.
PS: Este UMM, ficou algures na terra de ninguém em pleno deserto doTenerée, no Mali, em Tin Zouaten.
Segundo dizem alguns expedicionários já foi visto em Nouakchott na Mauritânia.
“O pormenor da meia branca”
Comentários
7 comentários a “MOMENTOS DE GLÓRIA – PORTUGAL 1000 EM 1990”
Palavras para quê??
Quero mais!!!!!!
Abraço
ATÉMAPAGOMAZÉÉÉ!!!!
Gandas Malucos!
Sempre a bombar!
Abraço!
Bolas Mestre, este blog está cada vez melhor…
Bis…Bis…Bis….
Quero mais histórias.
abraço
Já lá vão uns anitos!!!
E agora imaginem eu em casa a ver televisão e a vê-los capotar… foi um momento de grande preocupação, felizmente não aconteceu nada de grave, pelo contrário, deu origem a esta bela história que fica para a posteridade.
Bj p/meu herói.
Ó dona Rosa. Já existia televisão naquele tempo.????????????
Tou a brincar. Um Beijinho
Carlos Costa
Oeiras
Um capotanço à Mestre!!!!!
😀
Abraços MAN!
Recordar é viver…ainda me lembro bem dessa aventura…voçes são e continuam a ser os verdadeiros dinausaros do TODO TERRENO
Abraço