Olá.
Esta é a 2ª parte e diz respeito a parte de todo terreno pura. Foram sete dias de isolamento, numa etapa de mais ou menos 700 kms, em regime de bivouac.
Era necesário levar água e combustível para esta etapa maratona, nós e os nosso guias neste imenso deserto de Tassili N’Ajjer.
Eis o meu relato do 6º ao 12º dia.
6º dia, dia 19 de Janeiro de 2018
“La Tadrart, esta fascinante montanha ao sul de Djanet é coberta com toda a elegância da magnificência.
Síntese de paisagens deslumbrantes, rochas condensadas heterogêneas, dunas e cânions profundos de esplendor para tirar o fôlego.
O Massif de Tadrart desdobra um oceano de dunas ocreas pontuadas de picos e fortalezas irregulares, a arte rupestre é onipresente.
Ao oeste, os Tassilis de Monkor e Barkat abrem seus arcos de arenito elegantes até a infinidade do Tenere.
Destaques: pinturas e gravuras por centenas, protegidas das rochas.
Em Djaren e El Berij, um labirinto de pedras, abrindo os imensos ergs da fronteira da Líbia.
Os tons de vermelho e ocre do erg de Tin Merzouga são resultantes das fortes tempestades que assolam a zona.
Monkor, Alidama, e os arcos de pedras que se abrem na brancura do Tenere, bem como o Erg Admer, imponente com a sua cor de areias brancas.
Djanet e seu palmeiral ao pé das falésias azuladas de Tassili n’Ajjers.”
Hoje era o dia de partirmos a sós com o Guia para o deserto. Aproveitamos para ir às compras, reabastecer as viaturas e os 3 ou 4 jerricans de gasóleo, atestar os jerricans de água e comprar, verduras, pão e aproveitar para passear por Djanet.
Optamos por comprar para todos 4 frangos grelhados e 16 doses de kekab com batatas fritas.
Saímos por volta do meio-dia e depois de fazermos o controle no checkpoint à saída de Djanet, queríamos era partir, optando por parar cerca de 26 kms depois para comermos uma buxa à sobra de uma grande acácia.
Retomamos à EN que dá acesso à Líbia e ao Níger. Na bifurcação tomamos o rumo da Líbia, entrando um pouco depois em terra.
A pista era de areia pouco compacta, ainda misturada com vegetação rasteira e foi assim até ao Aquartelamento Militar.
Feitas as operações da praxe, entrega de lista de participantes, e notas do que devemos ou não fazer.
A partir daí começaram as primeiras dunas de areia mais rija, e o pessoal começou a ver o que tinha pela frente em mais sete dias.
Cerca das 16:40 horas o nosso Guia el Mhadi, entendeu que era hora de montar o bivouac, o nosso primeiro bivouac no Tadrart.
Foi uma noite muito fixe, sabendo que a partir daí tínhamos muito que ver…..gravuras e pinturas rupestres, dunas das mais variadas cores e areia num serpenteado de rochas…..Moula Naga com a sua duna gigante, Tin Tekak, Tin Merzouga, como sempre imponente, é inacreditável a beleza deste local, enorme e vasto. Mas vamos também ver o Canyon de D’Afazo, os Oued de Indjarren, Taffassaset e Egharghar, Tassili de Monhor, o Erg Admer, Tikoubalne e por Essendiliene.
7º dia, dia 20 de Janeiro de 2018
Como sempre, a saída dos acampamentos era feita muito cedo e desta vez, não fugimos à regra e por volta das 8:00 horas saímos com uma missão bem específica, apanhar lenha, para as fogueiras das longas noites frias.
Como sabem, a lenha nesta zona tem muito valor e é quase inexistente. Os nossos Guias, faziam a sua gestão com muito cuidado e ao limite. Só retiram das árvores secas o que precisam e deixam ficar o restante para outros guias.
Outra coisa interessante, são os restos de comida ou de géneros alimentares, que eles colocam cuidadosamente em locais, para os animais ou aves.
Entretanto soubemos que a 4×4 do guia, tinha um amortecedor partido o que estava a dificultar a nossa progressão no terreno de modo mais rápido.
Paramos para ver um conjunto de gravuras ou pinturas e escrevo assim porque eram tantas e em tantos locais, que não me foi possível tomar nota desta distinção entre gravura ou pintura, mas fica a nota na mesma.
Cerca de 13 kms depois encontramos a primeira árvore seca seja, os guias já sabiam onde a podiam encontrar, (N23 55.550 E10 54.113).
A árvore seca ainda estava em pé e com auxílio de uma cinta foi possível derrubá-la e depois cortá-la em troncos mais pequenos.
Feita a primeira recolha, entenderam os nossos guias que era necessário ainda mais lenha, mas o pessoal queria era TT e alguns já nem gravuras queriam.
Indiferentes os nossos Guias, param num novo conjunto de gravuras rupestres e seguimos em direcção a uma zona que não possuía qualquer referência em qualquer dos mapas por nós utilizados.
Era uma zona plana de andamento muito rápido e de cor muito branca e eis que chegamos a uma zona mais húmida, já que tinha imensas pequenas melancias e uma grande acácia tombada em que já tinha alguns ramos secos.
Cortamos aqui o que os guias entenderam ser suficiente para a estadia no Tadrart e repartimos a lenha por mais de um tejadilho dos 4×4.
Voltamos para trás, e essa tomada de posição aliada ao facto da viatura 4×4 do guia ter já os dois amortecedores partidos, levou a que alguns membros da expedição não entendessem bem o procedimento dos guias. Mas, eles eram responsáveis por nós e entendeu-se e bem, seguir as suas orientações.
Paramos para almoço, debaixo de uma proeminência rochosa e nas calmas, acabamos com os restos dos frangos comprados em Djanet. O frango desfiado e passado em azeite, ligeiramente aquecido deu para todos.
Retomamos o caminho, pedindo ao Guia que através do nosso telefone satélite, ligasse para a Agência, a solicitar um conjunto completo de molas e amortecedores. Assim ele fez e as peças estariam no final do dia seguinte junto à base da Duna de Moula Naga……Entendeu-se por bem, para mais cedo, e cada um aproveitar para dar umas voltas pelas redondezas e ou descansar…….
8º dia, 21 de Janeiro de 2018
Foi um dia em grande, por diversos motivos, muita areia, Dunas de Moula Naga com a sua descida louca, a quebra da caravana antes do almoço, muitas gravuras e pinturas rupestres, um Guelta enorme que a cerca de 2 anos atrás tinha quase 6 mts de água, segundo os nossos guias.
Para animar mais o pessoal as excelentes gravuras dos elefantes e das girafas do arco e do grande arco, a que chamam La Cathedral.
A panóplia da riqueza desta etapa com passagem pelo Arco de Buhadien e finalmente o Bivouac que todos ansiavam para descansar e reparar o 4×4 do Guia, com a mudança das duas suspensões da frente.
Como sempre, bem cedo partimos para mais uma etapa, dura, um misto de pisos duros de pedra com areia e dunas.
Mas existia a condicionante da 4×4 dos guias ter a suspensão a ceder cada vez mais, a frente da viatura estava cada vez mais baixa e o El Mhaid, fazia milagres, quer nas dunas, quer nas pistas de pedra.
A sequência de dunas ao aproximar de Moula Naga era uma constante, a adrenalina subia, e nada melhor que nessa zona baixar a pressão dos pneus para 1Kg/cm2.
A subida para a grande Duna é feita nas calmas, com a rotação do RR quase nas 3000 rotações por minuto, tudo corre bem mas o pior é que no cimo da duna, a longa descida a pique é de cortar a respiração. Nada melhor que deixar descer o RR, no trilho que nós e outros turistas em 4×4 Argelinos iam fazendo.
Foi a nossa primeira sensação que daí até Tin Merzouga, a coisa era para fiar fino e curtirmos ao máximo.
Descem os primeiros 4×4 nossos e logo de seguida um Toyoota HDJ 80 V8 a gasolina, com 3 turistas que andavam a fotografar as gravuras.
O Toyota desce a duna numa velocidade vertiginosa e em prego a fundo vira à esquerda e começa a subir a longa duna a pique. Não chega ao cimo, vemos que começa a perder o fôlego e, num ápice, vira novamente à esquerda e desce a fundo…uhauuuu, até fazia arrepiar, mas estes guias, já estão habituados a praticar esta condução mais radical.
Fomos visitar depois em Tamesguida o Grande Arco e mais uma sequência impressionante de gravuras e pinturas.
Às 11:26 horas a caravana parte-se em dois, a norma básica do TT não é cumprida seja “O carro da frente, nunca deve perder de vista no seu espelho o carro de trás”.
Dos 8 4×4, 3 ficam para trás, e nada melhor que parar e aguardar, enquanto um dos nossos tenta encontrar num emaranhado de trilhos a possível localização dos restantes 5.
Ao longe já a almoçar vemos 3 4×4, fomos lá e eram do grupo dos turistas, que para além do Toyota principal, tinham mais dois carros de apoio a cozinha e as tendas.
Um pouco depois o nosso 4×4 de busca encontra não muito longe na zona de almoço o pessoal.
Nestas alturas ninguém tem culpa, mas tudo se resolveu a bem, e sem mais azedumes, sendo que teria de haver mais cuidado.
O almoço é feito numa zona de muitas rochas negras com as diversas formas e ricas em restos de cerâmica pré-histórica.
Observamos que a partir desse dia um casal de corvos nos acompanhou sempre ou quase sempre, para todo o lado.
À noite, foi noite de muito trabalho a mudar as suspensões do 4×4 dos guias, até porque o dia seguinte seria para Tin Merzouga…..
9º dia, dia 22 de Janeiro de 2018
Era o dia dos dias em Tim Merzouga e também poderia ser o dia de grandes emoções.
A paisagem deslumbrante, tirava-nos o fôlego, tirava-nos a vontade de andar, mas sim contemplar uma das zonas mais impressionantes nesta minha longa vida de expedicionário.
As cores das dunas consoante a intensidade do sol, a mistura entre o ocre e o branco com enormes saliências de rochas ou rochedos de cor preta.
Com o 4×4 dos guias já com a suspensão arranjada, saímos como sempre muito cedo, indica o track do meu GPS que saímos antes das 8:00 horas da manhã.
Na saída do Bivouac 2, inflectimos para a direita para visitar outro Guelt, pelo que, logo de seguida retomamos a mesma pista para visitar as “pinturas perfeitas” conforme designação de vários mapas. Era impressionante a perfeição e a beleza das gravuras.
Continuamos num percurso em direcção a Tin Merzouga, sem contudo visitar mais gravuras ou pinturas, ao que se seguiu um pista cheia de pedras e um pouco depois outra vez as famosas pistas rápidas de areia.
Saltamos ao que os guias, chamam “Camel Sedle Rock” e mais uns quilómetros nas coordenadas, N24 15.542 E10 55.586, entramos na zona de Tin Merzouga.
Paramos um pouco depois na zona com as coordenadas, N24 16.910 E11 04.016, onde pudemos cada um a seu modo, usufruir das imensas dunas, com um vaivém constante à esquerda e à direita do vale.
Optamos por almoçar no cimo da grande duna e a partir daí ter o prazer de ver e apreciar a beleza do local.
Continuamos sem pressas para a zona do Bivouac 3, que acabou por ser numa zona muito diferente do que os Guias tinham planeado.
Paramos um pouco mais a frente, numa zona de areia vermelha com dunas bem desenhadas em que, cada um a sua maneira e de acordo com a sua prática, andava tipo carrossel, duna abaixo e duna a cima.
Os Guias, sempre que havia uma zona propicia ao divertimento paravam, sentavam-se, faziam o seu chá e davam um tempo para a diversão.
Nas suas deambulações alguns descobriram junto a um grande cordão dunar com uma crista enorme, uma cratera bem funda que caracterizava o lugar de maneira forte, já que a distância do cimo da crista no seu ponto mais alto até ao fundo da cratera era enorme.
Entretanto decidimos partir com os guias, mas outro grupo de 4 4×4, decidiu ir explorar a zona da cratera e se possível fazer a transposição para o lado de lado.
Como não vimos os carros no nosso espelho, decidimos voltar para trás e aguardar pelo pessoal.
Um pouco depois vemos um 4×4 vir em nossa direcção a fazer sinal de luzes e depois tivemos que ficar por ali…….no bivouac 3 (imprevisto).
10º dia, dia 23 de Janeiro de 2018
Uma etapa longa que nos leva a caminho do Erg Admer, onde dizem que se ouve a “Canção do Silêncio”, face à imensidão e à cor ou cores das suas dunas e planalto.
Como sempre saímos muito cedo, cerca das 7:43 horas em direcção a mais um conjunto de gravuras, que fomos encontrando por indicação dos guias pelo caminho.
As gravuras e pinturas e as paisagens não as consigo descrever, desde os arcos, a Taça do Mundo de Futebol, sei lá, só as fotos nos permitem recordar a grandeza do local e desta última etapa a sair do Tadrart.
Um conjunto enorme e vasto de pinturas e gravuras estaria no nosso caminho para a saída do Tadrart. As fotos em anexo dão conta da sua beleza e qualidade. Chegou a ser arrepiante para alguns mais atentos e mais conhecedores da matéria a qualidade das gravuras ou pinturas.
Brincou-se com a autenticidade de algumas, mas penso que não passou de mera brincadeira.
Depois do almoço, arrancamos por uma pista, trilho, umas vezes em planalto rápido outras vezes pelo meio de erva de camelo, até ao posto de controle militar.
Saímos um pouco depois do Tadrart e entramos em asfalto.
Repusemos a pressão dos pneus, alguns, e cerca de 20 kms depois entramos novamente em pista para a zona de Bivouac 4, junto a Wadi Tarnassout.
Por aqui já havia mais vegetação e algumas grandes acácias.
Como sempre os Guias optaram por escolher o local, com as coordenadas N23 58.489 E10 12.001.
Estava muito vento, quando chegamos e foi toda a noite uma grande ventania…..depois preparar o jantar e descansar, mas pouco, já que a noite foi curta…..no dia seguinte o Erg e o Planalto de Admer bem como o Arco de Tikoubaouin, e por fim La Vache Qui Pleure, esperavam por nós…
11º dia, dia 24 de Janeiro de 2018
A noite como já de escreveu, foi longa, longa porque o vento bateu forte toda a noite e o frio também não ajudou. No meu caso, o fecho da porta da tenda estragou-se e a situação ficou bem pior, mais vento e frio na tenda.
Saímos mais uma vez bem cedo, o meu GPS, tem a indicação de 6:36 horas, mas porventura saímos mais tarde do bivouac.
Saímos por pista e eram cerca das 8:44 horas cruzamos o asfalto, numa estrada que qualquer dos nossos mapas do GPS ainda não a tem como referida.
Depois de cruzar entramos noutro mundo, quase que galáctico, em que cada vez mais a paisagem era sublime, repito sublime.
Uma paragem obrigatória num sítio fabuloso, cerca das 9:36 horas, coordenadas N24 03.041 E9 36.577, dão-nos a hipótese de ver a grandeza da paisagem. Grato a El Mhadi e ao Serofi, dei-lhes um forte abraço e agradeci.
Um misto de areia vermelha que abafavam as rochas salientes, era impressionante. Depois segue-se um planalto de areia branca que nos dirigia para o grande Erg Admer, que víamos ao longe quase como que uma miragem, pois parecia que já era ali, mas mesmo andando bem, muitas vezes paralelo a antiga pista balizada de Djanet ao Níger. As marcações estão perfeitas e vimos de diversos tipos, com bandeirolas brancas e/ou marcos de cimento.
Às 10:25 horas estão na base do grande Erg Admer, por onde entramos numa sequência de dunas de areia branca. Era um vai e vem constante que os guias tinham para escolher o melhor caminho, mas a coisa estava a ficar mais difícil.
Entenderam os guias, que o melhor seria andar na zona das dunas mais junto ao planalto.
Optamos por entrar na zona das dunas um pouco depois, e um pouco depois parar para preparar o almoço e ou buxa, e dar a liberdade a cada um para puder usufruir da condução nas dunas.
Cerca das 14:40 horas chegamos a outro ponto ou marco importante da nossa viagem, ver o sítio que tem as gravuras de “La Vache Qui Pleure”. É gratificante quase terminar uma expedição com a força da qualidade das gravuras do local. Este local tem um guarda permanente para que não se cometam danos.
Depois foi seguir para Djanet, para retemperar forças, tomar duche e tratar dos 4×4, porque no dia a seguir após o almoço Tikoubaouin e Essendilene, era mais uma zona a visitar…
12º dia, dia 25 de Janeiro de 2018
Nesse dia de manhã, muito cedo, o Guia comunica-nos que temos de estar um dia mais cedo em Orán, e que o plano que nos tinha fornecido para os últimos dias teria que, eventualmente, ter a supressão da parte que ligaria Essendiline a Illizi pelos oásis.
A manhã foi dedicada a reabastecer os 4×4, fazer compras para os restantes dias da viagem, acertar de vez por todas numa loja de telemóveis com as definições dos cartões para dados e telefonemas. Não era uma operação fácil como toda a gente veio a verificar.
Os guias levaram-nos ao souk e às zonas de artesanato e depois cada um andou por onde quis à vontade e ser problemas. Alguns optaram por levar o almoço já pronto, umas pizzas ou sandes de kebab. Outros aproveitaram para comprar peças mais em conta para os seus Toyotas, nomeadamente filtros de ar.
Voltamos ao hotel e pouco depois saímos em direção ao Parque de Essendiliene ou Essendilen, com passagem por Tikoubaouin.
Foi uma etapa em grande, do melhor que poderíamos ter para terminar a nossa parte em todo o terreno.
A paisagem era fabulosa, um misto de areia e rochas intercaladas por umas dunas mais ou menos atrevidas.
Gravuras e pinturas ainda eram uma constante no percurso com paragens constantes. Optou-se cerca do meio-dia por almoçar nas calmas, como sempre, já que os guias faziam a sua refeição na panela de pressão com as brasas do resto da lenha.
A seguir ao almoço depois de um desvio à direita, vemos um campo da Caravan Park, composto por tendas e vemos que é uma zona para escalada, parecia que o local estava abandonado ou talvez não.
Voltamos ao percurso inicial e depois de circular por uma parte entre rochas, muito estreita, com dunas e dunetes em que era preciso alguma destreza para não bater, eis que, às coordenadas N24 37.918 E9 15.930, aparece a primeira duna, que nesse dia nos dá que fazer para quem leva os pneus a pressão normal. Foi um vai e vem para os que não quiseram baixar a pressão, até todos ou quase todos o tiveram que fazer.
No topo era onde estava virtude, e nem todos chegam ao topo, ficavam bem perto, mas todos passaram o obstáculo sem que um expedicionário, cai redondo, quando ao abrir uma porta o outro lhe bate ser querer com a esquina da porta do 4×4. Gelo e uma pomada resolveu o problema.
Cerca das 2:00 horas, coordenadas N24 39.697 E9 15.197, chegamos a uma gruta enorme e junto à entrada da gruta mas a uma cota inferior estava uma sepultura bem marcada.
As pistas eram cada vez mais giras e seguíamos pelo o que os guias designavam “Pista de Tikoubaouin” até mais um núcleo de gravuras e depois aos Elefantes. Os Elefantes, coordenadas N24 50.157 E9 04.715, eram dois enormes rochedos com a forma de elefantes. Paramos para saborear o prazer desta etapa, fabulosa e que merecia ser repetida, explorando os inúmeros corredores entre maciços rochosos, alguns sem saída.
Mais à frente mais uma sepultura, N24 50.150 E9 03.124, e seguimos até ao asfalto onde, um pouco depois entramos no Parque de Essendilen ou Issendilene como referem alguns mapas.
Inflectimos para o Oued com o mesmo nome e era importante organizar o bivouac muito cedo. A noite seria diferente, porque tínhamos comprado carneiro em Djanet para fazer “Mechui” e era importante encontrar mais lenha e arranjar um local com as condições para cozinhar o Mechui.
Entramos um pouco depois paralelos ao Oued e encontramos um aquartelamento militar. Paragem como sempre obrigatória, para as perguntas do costume e a entrega da respectiva ficha de dados. Depois dos formalismos o graduado, diz que teremos de voltar atrás umas centenas de metros, virar à direita, cruzar o oued e depois seguir paralelo ao mesmo mas na sua margem contrária.
Assim fizemos, com muito mas muito pó e no meio de muita erva de camelo.
Cruzado o oued e já paralelos ao mesmo, encontramos mais tropa, estes do tipo “Tropa Fandanga”, queriam saber mais e tabaco.
Ninguém lhes deu importância e seguimos para a zona do bivouac.
Preparou-se o que chamo o melhor bivouac da Expedição, um lugar excelente com algumas árvores e rodeado de grandes montanhas.
Procura-se lenha e começam os preparativos para preparar o “Mechui”. El Mhadi e Serofi, preparam a carne, com os temperos habituais, ervas aromáticas e alguns caldos de carne do tipo Maggi.
A carne é repartida em doses adequadas, com batatas com casca e cebola roxa sem casca. Cada porção de carne, batatas e cebola é embrulhada em folhas de papel de alumínio por mais que uma vez.
Enquanto é feito o braseiro, com bastante lenha, com uma pá abre-se na areia um buraco onde irão depois ser colocadas primeiro as brasas e depois as doses embrulhadas em papel de alumínio.
Cobre-se o “Mechui”, com mais brasas e coloca-se areia até ao topo.Depois mais uma camada de brasas sobre a camada final de areia…., duas horas depois temos um excelente “Mechui”.
Alguns torceram o nariz, mas não sobrou quase nada….a fogueira prendeu muitos até altas horas da noite, outros dormiram por lá, e a meio da noite outros deram-se ao trabalho de pregar partidas, como por exemplo, tendas com a saída armadilhada, 4×4 com cruzamentos de eixos demolidores sei lá bués.
Sabíamos que de manhã bem cedo, teríamos de começar a subir, pois outros assuntos nos obrigavam a estar mais cedo um dia em Orán…e assim foi, com um pedido ao Guia El Mhadi, que pedisse aos militares a polícia ou gendarmérie, da nossa escolta que, se possível a nossa ida fosse feita com dormida em hotel, campismo ou albergue.
Foram uns dias inesquecíveis, em gostaria de repetir, sabendo agora que a descida e a subida é demolidora, mas depois os sete dias pelo deserto, compensam o resto…..
Quanto às fotos, estamos a preparar um vídeo.
A 3ª parte está a caminho