Expedição Exploratória a Mauritânia (Relato) – Fevereiro de 2016

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Tudo tem o seu começo, e esta Expedição, à Mauritânia, não foi exceção. Não era como as outras, era diferente, para o melhor e para o pior. Tratou-se de uma expedição exploratória, onde, para além do denominado traçado “turístico”, procurávamos algo mais que nos levasse ao pormenor das vivências e dos lugares, e, ao mesmo tempo, testasse a nossa capacidade enquanto grupo. Em diversas ocasiões fomos levados ao limite, tal como as nossas viaturas, com etapas longas e cansativas. Acordar cedo, ainda o sol não tinha nascido, e parar apenas com o seu pôr, foi o dia-a-dia, num ritmo firme e seguro, imposto pelo nosso guia. De nome Ahmed Hemeyda, cabe-nos agradecer-lhe. Sempre se mostrou uma pessoa culta e educada, capaz de nos orientar invariavelmente no terreno. Fomo-nos apercebendo como era uma pessoa respeitável e respeitada por onde passávamos. Por vezes intransigente, mas sempre um amigo, que colocou a nossa segurança acima de tudo e de todos.
O ponto de encontro para a Expedição foi em Tan Tan, já em solo marroquino, onde o Saara abre as suas portas. No entanto, este relato apenas terá início perto da fronteira com a Mauritânia, em Bir Gandouz, tal como também aí atingirá o seu fim. A esse mesmo local chegámos no dia 5 de fevereiro, já a noite ia adiantada, acompanhados do guia, que entretanto fora apanhado no “Carrocel” de Dakhla, e com o intuito de dormirmos no Hotel Barbas, poiso dos muitos viajantes em trânsito pela rota da África Ocidental.
No dia seguinte, a saída para a fronteira da Mauritânia, tendo a terra de ninguém de permeio, seria muito cedo, ainda mesmo antes dos galos cantarem. Cobrimos os cerca de 90 km que ligam o Barbas à fronteira, no seu lado marroquino, já o dia clareava e nos aguardavam longas filas de camiões. Por volta das 9h00m da manhã, a quando da abertura da fronteira, e num “toque de mágica”, o guia conseguiu que se abrisse um corredor de ligeiros e, assim, avançássemos rapidamente nas formalidades de saída.
Saímos de Marrocos e entrámos, não na Mauritânia, mas num pedaço de “Terra de Ninguém”. Foi uma travessia calma e com o grupo a acusar um primeiro choque com a paisagem coberta de viaturas queimadas e desmontadas, quase sem vivalma, e por onde se cruzavam aqueles carros que seguiam por ambas as fronteiras.
No posto fronteiriço da Mauritânia as demoras foram bem maiores. Primeiro, o famoso visto biométrico, depois os registos das viaturas. Já passava das 15:00 horas quando entrámos em pista, paralelos à linha do comboio de transporte de minério que une a cidade costeira de Nouadhibou a Zouerate. Ao cair da tarde, depois de passarmos por uma aldeia e por um cemitério de vagões, cruzávamo-nos a primeira vez com o segundo comboio mais comprido do mundo. O ruído dos motores das suas máquinas é imponente e fica no ar durante horas.
Duzentos quilómetros para lá da fronteira e junta à linha férrea tínhamos o nosso primeiro bivouac.
Dia 7 de Fevereiro.
Segundo dia da expedição, marcado por uma longa etapa que nos conduziu ao Oásis de Tergit.
Muito de madrugada começámos a ouvir o ronco do comboio. Longe é certo, mas inconfundível! O som é constante, com uma cadência impressionante que se mantém por horas, no silêncio da madrugada.
O nosso guia, põe o pessoal de pé e corre para a linha. O comboio era infindável e as máquinas da frente saudaram-nos com os seus apitos.
Mantivemo-nos ao longo da linha quase até Choum, onde infletimos para Atar, seguindo a antiga estrada N1, em terra batida, com placas de sinalização e marcos quilométricos. Antes, cruzáramos inúmeros pequenos lugares, a par de postos de controlo militar, assim como o monólito de Ben Amira, ponto de paragem para almoço e que nos obrigaria a cruzar a linha férrea.
Em Atar, uma paragem curta para reabastecer de combustível, água, fruta e até adquirir cartões de telemóvel dos operadores de telecomunicações nacionais. Depois, mais 48 km até ao Oásis de Tergit, o que representou um total de 388 km, sobre um misto de areia, pedra, pista de toufna e, já na parte, final asfalto.
A viagem para Tergit, foi calma. A noite foi passada em albergue, o qual, reunia boas condições de higiene e estadia em tenda tradicional. O momento mais marcante do dia acabaria por ser o jantar, já que fomos brindados com um prato da cozinha tradicional mauritana: mechoui (cabrito assado no forno e recheado com couscous).

Dia 8 de Fevereiro
O dia começou com uma visita ao Oásis de Tergit, pequeno e raro oásis encaixado entre falésias. É um paraíso de sombras, com uma frescura agradável, animado pela muita água que brota das suas nascentes no solo e desce das suas rochas “suspensas”. Podemos ver dois tipos de nascentes, uma de água fria e outra de água quente com forte teor a enxofre.
Seguir-se-ia uma etapa de 159 quilómetros, e logo pelo Valle Blanche e Pass de Tifoujar. A pista tinha o seu início no Oásis de Tergit. Primeiro trialeira, mas, cruzadas duas cancelas, entráramos em definitivo no reino da areia, o qual nos conduziria ao Pass de Tifoujar. Com as primeiras dunas viriam também as habituais tarefas de baixar a pressão aos pneus. As dunas de cor branca ao longe indicavam a beleza do Valle Blanche. Pelo caminho cruzámo-nos com um tuaregue a galope no seu camelo, dando ainda mais verdade ao espaço que nos rodeava.
A subida do Pass de Tifoujar foi emblemática e mais fácil do que nos haviam informado. Houve quem optasse por experimentar as duas vertentes, a mais rija e a de areia. Daqui, seguimos por uma pista traiçoeira a exigir muita concentração na condução, já que sob a areia se encontravam pedras, algumas capazes de rasgar um pneu. Cruzámos o Oásis “Sem Nome” e entrámos a seguir numa pista dura de pedra. Por esta altura o percurso ficou “virado do avesso”, porque a saída prevista no Oued, estava cortado e cheia de vegetação, optando o guia então por seguir ao longo do Oued, fazendo como que uma Boucle até ao Oásis Mheirith, passando por uma aldeia de casas brancas e telhados esverdeados, acessível apenas a viaturas 4×4. Na sua saída deparámo-nos espantosamente com pequenos troços de calçada à portuguesa, os quais exibiam um assentamento perfeito dos paralelos.
Até Aoujeft, foi uma viagem penosa, dura, com muita pedra. Aí, entrámos em asfalto e seguimos diretamente para o belo Oásis de Mheirith, onde pernoitámos junto a uma grande duna e ao Oued que o atravessa.
Esta etapa, veio a ensinar-nos que se se pretender atravessar o Valle Blanche e o Pass de Tifoujar a partir de Tergit, o melhor é regressar ao ponto de partida ou em alternativa sair por El Meddah.

Dia 9 de Fevereiro
O despertar foi de madrugada, já que tínhamos pela frente mais uma longa etapa, a qual nos levaria do Oásis de Mheirith, por uma pista rápida de 200 quilómetros, a Ouadane e depois, por mais cerca de 120 quilómetros de areia e dunas, até Chinguetti.
Quem se atreveu a subir à duna teve acesso, com o nascer do sol, a uma vista privilegiada de todo o oásis, encaixado entre as montanhas e um pequeno lago. Saímos do leito do oued por um caminho estreito, ladeado de acácias e palmeiras que contribuíram com mais uns riscos nas pinturas das viaturas e, aqui e ali por habitações, pequenas e interessantes construções circulares, com os tetos formados por ramos de palmeiras. Entrávamos pouco depois naquela que apelidei de “Estrada da Loucura”: foram cerca de 200 quilómetros, sobre uma pista de toufna bem desenhada, de curvas rápidas e por vezes apertadas. Deparámo-nos com muita “chapa ondulada”, a obrigar a uma velocidade harmónica com o terreno que impedisse as viaturas de se desmancharem no seu sentido literal. Parar e arrancar demonstravam-se cenários demolidores.
Uma primeira paragem para visitar o mítico Fort Sangane, construído para cenário de um filme. Infelizmente e devido à destruição provocada pelas chuvas não nos foi possível descer ao vale, pelo que dali procurámos visitar um sítio arqueológico conhecido pelas suas gravuras rupestres.
Chegados a Ouadane e ultrapassadas as formalidades do controlo militar, optámos por almoçar na base das ruínas da velha cidade e património mundial da UNESCO, junto a um pequeno oásis, pleno de agricultura. Muita água, bom solo e todo o tipo de produtos agrícolas. Pouco depois apareciam as primeiras mulheres com artesanato para venda. Neste preciso local cometemos o primeiro grande erro da expedição, já que saímos diretos para a pista que nos levaria a Chinguetti sem visitar a velha Ouadane, reconstruída e mantida com financiamento do Estado português. Mais tarde viemos a saber que muito perto de Ouadane existe uma pequena povoação onde subsistem apelidos de origem portuguesa entre os naturais, laços de uma presença que remonta aos séculos XV- XVI, quando estabelecemos uma feitoria em Arguim.
Saímos de Ouadane em direção a Chinguetti, por pista de areia, primeiro um piso duro e depois uma sequência de dunas. O entusiamo subiu. Entre o pessoal, alguns entraram na sequência do vaza/enche pneu à medida que as condições do terreno se alteravam, outros, nem por isso, tendo antes optado por um valor de compromisso.
O guia tinha a intenção inicial de infletir à esquerda, passando ao largo do Oásis de Tanouchert, abandonando assim a pista usual. Concluídos que estavam alguns quilómetros, verificou-se que o avanço do cordão de dunas havia fechado a passagem. Não havia outra opção senão voltar ao percurso inicial, passar antes pela direita do Oásis de Tanouchert e ter que entrar no que o guia apelidava de “Inferno de Chinguetti”, um conjunto de dunas de areia muito mole e fesh-fesh. Só a experiência do guia e a sua capacidade de leitura do terreno nos fizeram sair dali, já noite dentro, depois de muitos atascanços, que obrigarem a uso intensivo de pranchas e guincho.
Entrámos em Chinguetti de noite em busca de um albergue com condições básicas. A maioria estava encerrada, mas acabaríamos por conseguir pernoitar no albergue Le Caravane. Recompusemo-nos do esforço com um excelente jantar, à base de conservas e massa.

Dia 10 de Fevereiro
Um dia diferente, marcado pela visita durante a manhã à cidade velha de Chinguetti, também ela classificada como património mundial da UNESCO, e que nos permitiu descansar até um pouco mais tarde. Deambulámos pelas antigas estruturas, construídas segundo uma arquitetura típica da região saariana, em pedra sobreposta, e visitámos uma das conhecidas bibliotecas: a “Bibliotheque Al Ahmed Mahmoud”. Fomos recebidos por Al Ahmed Mahmoud, pessoa culta e sábia, que no pátio nos fez uma introdução abrangente sobre a história de Chinguetti, sua implantação, vida quotidiana (bem exemplificada através de um pequeno museu de utensílios da época) e importância ao longo dos séculos para a região enquanto centro caravaneiro, religioso e de saber, até ao seu declínio nos dias de hoje. Já no interior, pudemos observar antigos manuscritos científicos e corânicos, alguns de bela caligrafia.
Optámos, como habitualmente, por reabastecer os depósitos das viaturas e os jerricans à entrada da etapa, não sem sobressaltos, pois a bomba desferrava sempre que se tentava encher totalmente os jerricans, levando-nos a pensar que o combustível tinha acabado no único posto da cidade. No, entretanto, tivemos a visita do Presidente da Câmara que nos solicitou que transmitíssemos a sua vontade em estabelecer a geminação de Chinguetti com uma autarquia portuguesa, pedido que oportunamente iremos endereçar à Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Saímos de Chinguetti perto da hora de almoço por uma pista rápida, larga e entusiasmante, onde conseguíamos imprimir velocidades na ordem dos 60 km/hora, A partir do ponto a que chamei “Junção de dunas” nova mudança no terreno e na paisagem: a pista tornou-se dura e pedregosa, obrigando ao reajustar da pressão dos pneus, e corria agora ao longo de zonas mais arborizadas, salpicadas por acampamentos nómadas. O almoço acabou por se dar num ponto de interesse marcado como “bivouac” pela cartografia digital do Tracks4Africa utilizada nos nossos recetores GPS e também aí se começaram a manifestar os primeiros sinais de gastroenterite entre alguns de nós. Pelo meio tivemos ainda tempo para visitar a cratera D’Aouelloul, um enorme buraco causado pelo impacto de um meteorito há milhões de anos.
Acampámos nesse dia. O guia tinha comprado um cabrito em Chinguetti pelo que a ementa do jantar foi churrasco acompanhado por esparguete cozinhado à moda de “Benafim”. O vento não deu tréguas, mas também ninguém se importou, ficando rendidos ao seu som, embrulhados no calor das tendas e sacos-cama. Penso que durante noite se conseguia ouvir a grande distância o ronco do comboio, com a cadência das suas potentes máquinas.

Dia 11 de Fevereiro
Ainda o galo não tinha cantado e o nosso Guia Ahmed, já estava a acordar o pessoal. À nossa espera estava uma etapa de cerca 230 quilómetros até Rachid, quase toda em pista, e depois Tidjikdja, onde esperávamos pernoitar e proceder a alguma manutenção nas viaturas. Por esta altura contávamos já com dois doentes, a braços com gastroenterite. Para alguns, como eu, foi difícil no escuro e com o vento arrumar a tenda, o colchão e o saco de dormir.
A pista era larga, na verdade, alargava-se por todo o nosso horizonte, com piso de areia, dunas, planaltos infindáveis e, novamente, areia, dunas… Penso que foi a única vez que não estivemos no “reino da pedra”. Ao quilómetro 67, entrámos numa pista principal, ou nas palavras do guia a “grande Pista”. Com ela, um planalto imenso, que nos permitiu aumentar a velocidade, não sem algumas paragens para tratar dos doentes. A partir do quilómetro 140 seguimos quase sempre paralelos ao Oued Tidjikdja ou mesmo no seu leito. Um pouco mais adiante e no meio do nada, sobre agraciados com a beleza do Oásis de Taoujafet.
Eram 11:56 Horas, quando mais ou menos nestas coordenadas (N19 01.578 W11 51.860), ouvimos via rádio VHF e saído do nada a frase “pronto, acabou, para mim acabou”….Fez-se silêncio, e no nosso Range Rover, lá pensamos, “lá se foi o intercooler do Defender 110”, mas nada disso era apenas o asfalto…Também aqui o esforço estatal em asfaltar as ligações entre povoações se verificava, substituindo a pista por uma nova estrada em alcatrão. Entrámos em Rachid, ainda em obras de pavimentação e, dali, rumámos a Tidjikdja, para o único albergue digno desse nome que aí teimava em subsistir. O alcatrão permitiu-nos chegar mais cedo, ganhando tempo para a mecânica e para o descanso dos mais doentes, já então a recuperarem à custa de uma dieta à base de caldo de arroz e bolachas.

Dia 12 de Fevereiro
Esta etapa ficou marcada também pela vã tentativa do nosso Guia em entrar em Ksar Al Barka, através de Rachid e não mais a sul por MBeika, que se veio a revelar num fiasco.
“Tidjikdja, retour à Rachid, 7 kilomètres de goudron, à gauche pour le piste, depuis pour les dunes à Ksar Al Barka et depuis Matmata”… Logo de manhã o guia bem insistiu, tornando mesmo a frase num ícone da expedição. Ahmed, bem gesticulava e indicava as direções, mas não levou a melhor…
Era uma sexta-feira, dia santo no calendário muçulmano. Nem me dei ao trabalho de verificar, já que me lembro bem de ver as pessoas aperaltadas em direção às mesquitas. Também o nosso guia saiu cedo com o primeiro chamamento do imã, bem vestido, de fato cinzento-escuro, sapato de pala e meia preta até ao joelho.
Reabastecemos as viaturas e os jerricans num posto de combustível da Star, , logo à saída de Tidjikdja, bem como reforçámos as reservas de água e pão. Saímos, e começou logo aqui a nossa meia dúzia de asneiras…Assim, em vez de tomarmos a primeira saída a direita, para seguir o percurso normal (regresso a Rachid), apostou-se em seguir por uma antiga pista marcada nos mapas do IGN, a qual saía de Chlêtbat Maamat. Chlêtbat Maamat é, aliás, um pequeno lugar, que apenas aparece no mapa digital do Tracks4Africa como ponto de controlo policial. Entre a estrada e a povoação ficava uma espécie de pelado por onde andavam alguns miúdos. Parámos e entregámos uma bola de futebol. Foi das maiores alegrias que a criançada teve.
Seguindo doravante o instinto do nosso outro “guia”, que apostava em seguir a antiga pista até Ksar Al Barka, lá nos deslocávamos penosamente sobre pedra e calhau à procura do que restava da “antiga pista”. Nem sinal desta, e sem remoques o nosso Guia Ahemd repetia incessantemente: “Tidjikdja, retour à Rachid, 7 kilomètres de goudron, à gauche pour le piste, depuis pour les dunes à Ksar Al Barka et depuis Matmata”… A distância a que na altura nos encontrávamos de Tidjikdja, bem como o adiantar da hora obrigaram-nos a novas decisões, as quais, infelizmente, já não passavam pelo retomar do plano original. Optámos por regressar a estrada Nacional e rumar por alcatrão a Matmata, para aí observarmos os crocodilos.
Entrámos em NBeika, uma cidade localizada no fundo de um vale, ou melhor numa zona de Gueltta. Do cimo da montanha ainda tentámos sem sucesso a descida pela antiga estrada, mas a mesma encontrava-se cortada. As lixeiras, como é habitual nestas paragens situam-se às entradas e saídas dos núcleos habitacionais, mas desta vez constrangeu-nos mais o cenário, já que também aí nos deparávamos com inúmeras carcaças secas e ressequidas de burros ou vitelos.
Era dia de mercado e no souk ainda tentámos comprar carne ou peixe, mas o nosso guia tirou-nos dali a ideia. Fruta, nem vê-la! Ficámo-nos pelo pão e arroz, este último vendido em sacas de 50 kg. À saída mais um controlo militar e, logo depois, entrada em pista de areia, que nos conduzi ao longo do Gueltta e plena de árvores. Fomo-nos cruzando com inúmeras povoações e animais. Entrámos no Oued e daí seguimos até ao primeiro ponto de observação de crocodilos. Foi, considero, um dia de sorte. Deparámo-nos com um crocodilo imponente, junto a uma das muitas poças de água que vão secando, o tempo suficiente para algumas fotografias e até um pequeno filme. Depois, talvez assustado pelo do barulho dos motores, entrou na água e só espaçadamente vinha à superfície respirar. Ainda nos deslocámos a pé por outros pontos à procura de mais exemplares, mas, sem sucesso.
Junto do chefe da aldeia próxima o guia Ahmed ficou com as indicações de uma pista que nos levaria a uma falésia e a um ponto de observação dos referidos crocodilos, mas agora através de binóculos. Saímos, assim, embora contra a vontade do Ahmed, de Matmata, o qual preferia que pernoitássemos no local e pudéssemos observar de novo os crocodilos logo pela manhã.
A pista abandonava o vale em direção a um planalto. Passámos por muitas aldeias, alvos de programas da UNICEF de desincentivo ao abate indiscriminado de árvores, bem como ao costume ancestral de engordar propositadamente as jovens em idade de casamento, então sinónimo de abastança familiar. A noite foi de novo em acampamento, junto a um Oued. Disseram-nos depois que os chacais rondaram o acampamento, assim como as corujas…Ao longe, nas povoações, ouviam-se os cães. Enquanto dois recuperaram da gastroenterite, outros entraram na berlinda….e a noite foi longa para estes……

Dia 13 de Fevereiro
Não era sexta-feira 13, apenas dia 13, e demos nega ao Pass de Nega!
Como habitualmente, fomos acordados bem cedo pelo incansável Ahmed, que entretanto já tinha acendido a fogueira. Mal sabíamos que no final do dia iriamos ver o Ahmed virado do avesso!
Deixámos o acampamento para entrar no Oued, em piso de areia, e daí para uma pista em pedra que nos conduzia a um grande planalto, por sinal bem bonito. O senão é que nos levava para longe do Pass de Nega. Quando a pedra se tornou o “prato forte”, Ahmed, propôs retroceder e retomar a pista de acesso a Pass de Nega. As pedras eram uma constante e um pouco depois, numa zona plantada de calhaus aguçados, o pneu de um dos Range Rover rasgou por completo no seu sentido longitudinal. Mas, e como diz o ditado, se “há azares que vêm por bem”, este até foi um deles: ao substituirmos o pneu verificámos a existência de valvulina na jante, bem como uma grande folga no cubo da roda, ao ponto do retentor e do rolamento se terem danificado. Apenas pudemos reapertar o cubo e substituir o pneu, já que as tarefas mais complexas teriam que ser deixadas para o final do dia em Kiffa.
Junto à cordilheira Gleït el Mane, somos confrontados pelas pessoas da aldeia com a inexistência de uma saída, não restando outra hipótese senão retroceder, subir ao planalto e, depois, seguir para Djouk. Os mais atentos ao recetor GPS aperceberam-se que tínhamos dado nega ao Pass de Nega. E, quando um dos elementos do grupo pergunta pelo rádio VHF se “ainda temos Pass de Nega?” a resposta pronta e clara que recebeu do nosso outro “guia” foi ”com certeza”. Estávamos em linha reta a mais de 60 quilómetros do trajeto para o Pass de Nega, em terreno difícil e de relevo muito recortado, pelo que para todos os outros elementos do grupo era a certeza que o “com certeza” não passava de uma miragem. No caminho de retorno ao planalto o nosso outro “guia” ainda “saca” de um azimute que o levasse ao encontro o trajeto do Pass de Nega, e parte na sua viatura por uma subida trialeira, levando como pendura o Ahmed. Os restantes elementos decidiram não avançar e através do radio pedem nosso outro “guia” para retroceder. Qual não é o nosso espanto quando nos deparamos pouco depois com o Ahmed Hemeyada a descer a pé a encosta, sozinho, a gesticular e com um ar zangado. A viatura desceria pouco depois, mas com o apoio do amortecedor partido, o que acabava em definitivo com a esperança de aceder ao Pass de Nega, por mais ténue que fosse!
Dali procurámos Djouk, e depois, já por asfalto, Kiffa. A vegetação típica da savana dava os primeiros ares da sua graça: gramíneas altas, acácias, por sinal cobertas de ninhos de aves, e os primeiros imbondeiros. Cruzámo-nos com um belíssimo oásis, onde famílias faziam piqueniques à sombra das suas árvores. Optámos por parar e apreciar um pouco a paisagem. Qual não é o meu espanto quando alguém me diz, depois de saber a nossa nacionalidade: “podes falar português, pois em trabalho em Angola e estou de férias na minha terra”. “Mas eu nasci em Angola”, respondi, e a conversa continuou…
Em Kiffa, ficámos naquele que é considerado o melhor albergue da cidade: La Maison de Lhote. Limpo, cheiroso, seguro e frequentado por gente simpática. Ao final do dia tivemos a companhia de um jovem francês, hóspede há já alguns meses visto ser o responsável pela montagem da nova central térmica e solar de Kiffa. Houve certamente tempo para proceder a uma grande revisão das viaturas, um jantar de frango grelhado com salada e um misto de batata frita e ou assada, bem como ainda para muita conversa… “com certeza”.

Dia 14 de Fevereiro
A etapa tinha cerca de 230 quilómetros até M’Bout e daí seguia-se por mais 170 quilómetros para Kaedi, junto ao rio Senegal. A saída foi tardia, já que o terreno e as pistas o permitiam. Abastecemo-nos em Kiffa de gasóleo, pão, água, sumos e bolachas, pois pouco mais havia disponível no comércio local. Os primeiros 62 quilómetros, até Kankossa, foram rapidamente percorridos numa estrada nova, com alguns troços ainda por terminar. Entrada em pista, não a pista inicialmente projetada pelo guia Ahmed e sobre a qual obtivera previamente autorização do exército, dada a proximidade com a fronteira do Mali, mas outra mais próxima das populações e, por isso mesmo, mais interessante. Mal havíamos passado a primeira aldeia fomos obrigados a parar e a esperar via telefone pela autorização superior para a mudança de percurso.
Ao quilómetro 138, num local que tem o nome de Pass de Soufa, perto da aldeia de Sissinde, encontrámos o primeiro controlo militar: posto de observação, devidamente equipado com material militar, e uma cancela basculante a cortar a pista. O guia Ahmed, como sempre e com um enorme à-vontade tratou das formalidades. Seguimos por algum tempo naquela que designei de “pista vermelha”, tal era a cor do solo. Alguns imbondeiros dignos desse nome foram aparecendo recortados na paisagem serviram mesmo de fundo a uma fotografia de grupo. Houve alturas que nos aproximámos da zona de fronteira, até Guénétir, mas não havia saída, e o chefe local mandou-nos seguir para M’Bout, via Oudelemguil. A proximidade com o Mali e a insegurança atual naquele país nunca nos preocuparam verdadeiramente, já que o guia Ahmed e o exército nos traziam debaixo de olho.
À entrada de Oudelemguil e já no quilómetro 170, ouvimos através do rádio VHF “tenho um barulho estranho no Range Rover, acho que rebentei um tirante”. Efetivamente, o tirante do lado direito tinha partido numa zona de ligação com dois casquilhos. Ainda estávamos a cerca de 60 kms de M’Bout e a 170 kms de Kaédi. Com o recurso a desmontas, empregues como talas, cintas e alguma habilidade, conseguiu-se fixar o tirante e o eixo. A marcha iniciou-se a uma velocidade reduzida, fruto de uma pista em chapa ondulada, toufna e passagens em oueds com desníveis. Aos poucos fomos ganhando confiança e velocidade. Uma das viaturas, o Defender 110 do João Campeão e Ahmed Hemedaya, partiu à frente, para em M’bout se conseguir um tirante usado ou quem o reparasse. Mais tarde, e através do telefone fomos informados que só em Kaédi seria possível reparar o tirante.
Passámos por M’Bout sem parar e seguimos para Kaédi pelo asfalto, onde chegaríamos por volta das 19h30m. Ahmed, informara antecipadamente todos os postos de controlo policial sobre o nosso problema, pelo que a viagem decorreu quase sem interrupções.
Kaédi, é uma cidade enorme a fervilhar de vida, junto à fronteira com o Senegal e com o rio do mesmo nome, pelo que os mosquitos eram um assunto sério a ter em conta. Parámos à espera do João Campeão e do Ahmed no que julgávamos ser o centro da cidade, para pouco depois sermos interpelados pelo chefe da polícia local a inteirar-se da viagem e do nosso estado. Só existia um hotel e era francamente caro, cerca de 60 euros por noite. Acabámos por rumar a um albergue indicado pelo chefe da polícia. Aquele tinha a vantagem de possuir parque fechado. Negociámos o preço dos quartos, aliás de fraca qualidade, até à exaustão. Alegrou-nos um pouco verificar que também os funcionários da ONU o utilizavam.
Ahmed conseguira arranjar um mecânico e um soldador de confiança que se deslocaram de táxi ao albergue para observarem o tirante. Depois das garantias dadas, lá se decide desmontar e soldar a peça. No, entretanto, ocupámos um dos quartos e montámos uma autêntica cozinha de campanha. Confecionámos aí o melhor esparguete de toda a expedição. Para os doentes, já que ainda subsistiam dois, calda de arroz, água para não desidratarem e os medicamentos prescritos na Consulta do Viajante em Portugal.
Os mosquitos e o medo da malária, levaram que um dos elementos programasse o ar condicionado para uma temperatura mais fria, fechasse as cortinas e a porta. Encharcámo-nos literalmente em repelente, mas para nada, já que não era a época do malfadado Anopheles.
Por volta das 23h00 regressavam o mecânico e o soldador de táxi, com o tirante reparado. Começava de imediato a montagem, embora um dos casquilhos se apresentasse mais teimoso. Depois… bem, depois, foi a infindável história de discutir o preço final.

Dia 15 de Fevereiro
O guia Ahmed Hemeyada, tinha alertado o grupo para a hora de saída. Seria muito cedo, às 6h00m. Só mais tarde viemos perceber o porquê.
Os doentes recuperavam, embora um deles não tão bem. Na minha cabeça já tinha tomado a decisão de transmitir ao grupo a intenção de, após Nouakchott, subir diretamente para a fronteira e parar no hospital em Dakhla, em território marroquino. Mas, o espírito de grupo e as adversas condições meteorológicas que se avizinhavam vieram a alterar o rumo dos acontecimentos. Nem a calda de arroz, acalmou aqueles estômagos em convulsão.
Sensivelmente uma hora e meia após a saída e percorridos que estavam 110 quilómetros, parámos em Boguê, para comprar água, pão e bolachas. Daí, rumámos ao lago Rkiz, junto a Tiékane. De uma beleza extraordinária, o lago encontrava-se repleto de gado, mas também de macacos, embora não sociáveis como os de Azrou.
O guia Ahmed e o nosso outro “guia” entravam por esta altura em curto-circuito: um mandava para a esquerda e o outro decidia virar à direita. Nas outras viaturas já não sabíamos se era um problema de tradução, mas mais tarde, o nosso outro “guia” lá reconheceu que existia um problema de “esquerda/direita”. Tais embaraços acabavam por nos pôr a rir.
Perto de Mréa, em plena pista, estava uma pick-up Toyota com militares à nossa espera. Pediram-nos que os seguíssemos, e, assim o fizemos durante alguns quilómetros até ao asfalto, para depois nos deixarem com um cumprimento de boa viagem. Pouco depois ouvíamos através do rádio VHF:“ O meu carro não anda, não acelera, parece estar em safe mode, e agora, o que é que eu faço?”. O já apelidado “President”, primeiro pelo guia Ahmed, posteriormente por todo o grupo, pediu para ver a centralina, caixa de fusíveis e relés. Como o Defender tinha baquets, a centralina estava localizada atrás da cubby box e a caixa de fusíveis, para espanto geral, no interior da cubby box, sem qualquer ventilação. Bem nem vos digo nada, a caixa de fusíveis estava quente, alguns dos relés soltos e outro, de cor amarela, queimado. Substituído o relé, aberta e fixada a tampa da cubby box, de modo a permitir a ventilação da caixa lá arrancámos. Os militares, preocupados por terem deixado de nos ver pelo espelho retrovisor voltaram e escoltaram-nos de novo até um ponto em que seriam substituídos nesta função por outra pick-up Toyota, agora da polícia de Segurança Nacional, a qual nos conduziria à surpresa do guia Ahmed e razão para um despertar tão matutino: subir do controlo de Méderda para Nouakchott por praia.
Chegámos à praia perto das 15h00m sem termos almoçado. Muitos pescadores e peixe fresco. Mas não tivemos tempo para requintes: avançámos na areia para uma zona mais calma, comemos rapidamente sandes e conservas, pois tínhamos que obedecer à maré. E eis senão que recebemos mais uma má notícia através do rádio VHF: “O meu Defender não anda, não consigo esticar a segunda para meter a terceira e assim não dá”. Nova paragem, descemos e ajustamos a pressão dos pneus e lá insistimos com o Defender: “puxa pela máquina e em terceira ou quartas fazes isso”! O problema é o nosso outro “guia” não estava para aí virado e, contrariando o guia Ahmed, entra na primeira abertura à direita, para deixar a praia e aquilo que parecia ser uma pista de areia dura, paralela à praia. Foi, como se costuma dizer, sol de pouca dura, já que entrávamos numa sebkha, quebrando a sua crosta. O rádio VHF entrou imediatamente em ação para dar conta que a maioria dos carros já estava enterrado, sem hipótese de se mexerem para a frente ou para trás. Só não se ouviu no “Sardinha”, um Range Rover com guincho, e foi a nossa sorte! Com uma destreza e um calculismo eficaz começa por retirar de apuros o Toyota KZJ95 bem como o outro Range Rover. Recorrendo, depois, ao Toyota KZJ95 como âncora, consegue literalmente arrastar o Toyota HDJ100 e assim desenterrá-lo da areia e água salgada.
Por salvar permanecia apenas o Defender, longe dos outros. Para lá chegar era o problema, dado tipo de terreno. Cautelosamente e com tato, o Range Rover conseguiu aproximar-se. Retirou o Defender com recurso ao guincho e a pranchas, não sem que no processo tivesse também ele atascado. Conseguiria sair com recursos a pranchas e a uns empurrões.
Dado o adiantado da hora e o subir da maré, as opções resumiam-se então em retroceder, para a aldeia e pescadores, ou avançar pela praia até à próxima saída efetiva. Acabámos por optar pela segunda solução, seguindo a opinião do guia Ahmed. A noite já caia e as ondas começavam não só a lamber os rastos dos carros como os carros propriamente ditos. Não tivemos outra opção senão acelerar, já que a areia, firme, até o permitia. Ultrapassados 69 quilómetros tínhamos a nossa saída, na praia de Boujemma, a qual dava acesso a uma pista de areia dura que nos levaria ao asfalto em Kferde Oglat. O rádio VHF, ainda se ouviu por duas vezes: “Sebkha à direita, cuidado! Sigam pela esquerda” e, logo a seguir, “está um amortecedor amarelo no caminho” será teu?”. Do Defender respondem: “tenho um furo na roda de trás”. Mas não era furo, o apoio do amortecedor partira e o amortecedor ao saltar enterra-se no pneu, rebentando-o.
Seguimos para Nouakchott, sem entrar na cidade. Reabastecemos apenas. Estávamos todos esgotados e queríamos somente chegar ao albergue Les Sultanes, junto à praia. Tínhamos encomendado para o jantar lagosta e peixe grelhado. Como chegámos quase três horas depois do combinado, tínhamos o jantar à nossa espera embrulhado em papel de alumínio. Não estava quente é certo, mas o sabor era delicioso. Ao jantar, comuniquei ao resto do pessoal que no dia seguinte, iria embora diretamente para Dakhla, já que os doentes não estavam ainda bem. O consenso foi imediato.
De noite pôs-se uma forte tempestade de areia que nos acompanhou todo o dia seguinte, quase até Dakhla.

Dia 16 de Fevereiro
Um amanhecer junto a uma bonita praia, uma noite bem dormida em tenda, pese embora o forte vento que se fazia sentir.
De acordo com o plano estabelecido na noite anterior, saímos do albergue Les Sultanes por volta das 9:30 horas, rumo à fronteira da Mauritânia com Marrocos, Bir Gandouz e, por fim, o Hotel Barbas. A tempestade de areia foi companheira incessante na viagem. Mal deixava ver o carro da frente, e com o vento a soprar de frente, os consumos aumentaram substancialmente.
A partir de Ten Alloui reparámos que apareciam os primeiros cafés, restaurantes e mesmo áreas de serviço. Parámos apenas em Bom Lanuar, para o Amhed, deixar alguns dos seus pertences, já que iria continuar connosco até Dakhla, onde possui igualmente residência.
A passagem da fronteira Mauritana, foi rápida e sem preocupações. Como habitualmente, o nosso guia Ahmed tratou de todas as formalidades, assim como de trocar as ouguiyas sobrevivente em dirhams. Nem necessitámos de sair das viaturas. Do lado marroquino, a passagem da fronteira foi igualmente tranquila, se bem que mais demorada. À sua saída, o problema do abastecimento das viaturas complicou-se. Tínhamos deixado os depósitos em baixo propositadamente, de modo a beneficiarmos dos preços praticados no Saara Ocidental, mas a bomba estava repleta de camiões. Ainda experimentámos a área de serviço mais acima, no entanto encontrava-se encerrada. Optámos por partilhar o gasóleo que ainda subsistia nos jerricans e arriscar a ida até Bir Gandouz e ao Hotel Barbas. O vento forte de frente não ajudava. Ainda reduzimos a velocidade. Alguns lá chegaram engasgados à bomba, outros morreram na praia, mas nada que um empurrão de 50 ou 60 metros não resolvesse. Também a bomba ali estava seca. Aguardava ela própria o reabastecimento nesse dia por camião.
Optámos por ir para o Hotel descansar e jantar. O reabastecimento das viaturas ficaria para mais tarde.
A expedição exploratória à Mauritânia ficaria por aqui. Eu conhecia quase todos, mas os outros não se conheciam pessoalmente. Considero que nos comportámos como um grupo excecional, unido nos momentos difíceis, brincalhão sempre! Todos deram a sua opinião sempre que tal mostrou necessário e as decisões foram tomadas em benefício do grupo, com a anuência de todos.
Queria agradecer ao João Campeão, o convite que me fez para fazer parte desta Expedição Exploratória à Mauritânia, bem como a todos os outros que fizeram parte desta aventura. Não queria terminar, sem deixar o meu muito obrigado a Ahmed Hemeyada, um guia competente, honesto e, sobretudo, culto.
Finalmente, um obrigado a todos os amigos e à família que ficou por cá.

Vídeo de João Campeão.


Comentários

3 comentários a “Expedição Exploratória a Mauritânia (Relato) – Fevereiro de 2016”

  1. Avatar de NUNO CALDEIRA
    NUNO CALDEIRA

    Que grande aventura.

  2. Caro Amigo,

    Belo relato.
    Como sempre, a entreajuda revelou-se essencial para um bom desfecho.
    Faltam as memórias fotográficas…
    Obrigado e um grande abraço.

    JV

    1. Avatar de Parola Gonçalves
      Parola Gonçalves

      Obrigado.
      Para o ano, na mesma altura, quem sabe, com uma volta mais curta e mais eficaz.
      Inté