PERCURSOS (TRACKS) VERSUS AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE RISCOS

Este “Post” tem a particularidade de alertar os nossos sócios e não só, para os perigos que um Track ou percurso (partilhado ),pode ter se não forem tomadas algumas precauções, nomeadamente em Passeios ou Expedições em zonas remotas  ou pouco acessíveis.

Track, é como sabem um rasto constituído por uma série de pontos, que permitem definir um percurso entre dois ou mais pontos. Esses pontos podem ser estabelecidos em função do tempo, da distância ou de ambos.

Hoje em dia, com a difusão da internet, é possível ter acesso a milhares de “tracks partilhados” de todo o mundo. Mas, a maioria deles enferma de falta de informação fundamental para que uma Expedição ou um simples Passeio, por exemplo, ao norte de África possa vir a ser uma tragédia.

Assim é fundamental ter em conta as seguintes, 10 avaliações de risco:

  1. A data da realização do percurso no terreno;
  2. O número de pontos gravados do percurso;
  3. A qualidade do “partilhador” do percurso, que pode ser avaliada pelo nº de seguidores e pela descrição do percurso;
  4. A classificação do grau de dificuldade do percurso, que pode variar entre “fácil” a “só para experientes”;
  5. A leitura e análise atenta do percurso no Google Earth;
  6. O tipo de meio motorizado que efectuou o percurso, mota, BTT ou 4×4;
  7. A compatibilidade do percurso com a sua abertura em Programas como o Mapsource ou Oziexplorer;
  8. A extensão do percurso e os principais pontos de interesse, como bombas de combustível;
  9. Pontos de “Check Point”, nomeadamente nas linhas de fronteira;
  10. A cartografia que tem instalada no equipamento e a qualidade do GPS em termos de perdas de sinal.

 

Analisando cada uma das condições enumeradas em separado temos:

  1. A data da realização do percurso é fundamental para avaliar até que ponto não foram alteradas as condições do terreno, com obras, intempéries, guerras ou zonas sujeitas ao banditismo.
  2. O nº de pontos gravados é fundamental para avaliar nomeadamente em zonas de montanha ou de cidade qual a direcção a certa a tomar. Um bom track, deve ter o maior nº de pontos, tendo com referência o tempo de gravação, sendo que o ideal, será um tempo de gravação de 10 segundos. Um track de 200 Km no sul de Marrocos com 500 ou 700 pontos é um mau track. Para ser um bom track, tem de ter mais de 3000 pontos de track.
  3. Por norma um bom “partilhador” tem descrições brilhantes, que permitem avaliar das dificuldades do percurso e de acordo com a experiência tomar a decisão mais acertada. Mas por norma a maioria dos percursos não tem descrição.

Um exemplo de uma excelente descrição de um percurso no sul de Marrocos, que salienta para além das dificuldades, alerta precauções importante:s “Peux de difficulté techniques sur ce petit parcours saharien c’est un bon premier contact avec le sable si vous avez un véhicule tout terrain (un vrai,pas un suv) mais le Sahara est un endroit hostile ou les petits rien peuvent dégénérer très rapidement c’est pourquoi il y a 5 précautions indispensable :

1 vous partez a 2 véhicules ou vous êtes attendus a l’arrivée par quelqu’un de motorisé

2 vous partez avec 15 litres d’eau et 2 jours de nourriture par personne

3 vous partez avec la réserve de carburant pour le double du trajet

4 vous avez un second moyen d’orientation que vous MAITRISEZ(carte boussole , second gps) .

5 vous partez avec pelle, sangle, cric et 4 plaques le parcours total peut être fait en une journée de 8 heures le mieux étant de le faire en deux demi journée avec bivouac a chigaga”.

ou

 “un parcours magique.il est préférable bien sur d’avoir une reserve d’eau et d’essence et un GPS car si on n’est pas perdu on peu resté égaré très longtemps. parcours d’enduro réalisé a 2 motards .c’est un peu juste en termes de sécurité. mais quelle aventure.”

ou ainda

3º Día: Fes – Midelt – Errachidia – Erfoud – Merzouga “Albergue Alí el cojo”

“Por carretera hasta Erfoud. De allí tomamos un camino hasta el Albergue. El camino está en buen estado, pero tiene mucha arena, de la duna. Si no estas muy suelto con la moto por arena, mejor que desde Erfoud continúes por carretera hasta Rissani.De Rissani sale carretera hasta Merzouga.”

  1. Normalmente o “partilhador”, descarrega o percurso e classifica-o como “moderado” e omite qualquer meio de avaliação dos graus de dificuldade.
  2. Por norma os percursos partilhados, quando descarregados podem ser abertos no Google Earth e aí serem analisados numa escala mais conveniente, aproveitando os novos “mapas”. É possível ver se um percurso de “trail” é acessível a um 4×4 ou só a uma “Trail”. Muitas das vezes um percurso feito por uma mota, segue em zonas de planalto ou de deserto, zonas em que um 4×4, não pode circular, é aquilo que nós designamos pelo “segue a direito ou salta-pocinhas”.
  3. Por vezes partilham-se tracks entre amigos em que não se refere que o “partilhador original”, fez o percurso de mota. Esta omissão pode vir a dificultar e muitas vezes criar condições de risco elevado ao último utilizador, já que pode estar numa situação de dunas de areias macias, trilhos estreitos, zonas sem saída para 4×4 ou inclinações laterais acentuadas com zonas sem retorno, como exemplo.
  4. A verificação de compatibilidade do percurso é fundamental para avaliar a sua autenticidade, comparativamente a cartografia existente. Hoje é possível avaliar com rigor, se um percurso que foi “partilhado ou descarregado”, pode ser feito por nós em segurança e quais as alternativas. É possível aproveitar o percurso todo ou partes deste? É possível compatibilizar um percurso “trail” com um para 4×4? Sim, desde que se analise com os meios ao dispor, mapas, Google Earth todas as possibilidades.
  5. A extensão do percurso é fundamental, para avaliarmos, o combustível, as reservas de água, as paragens e os locais de bivouac. Tolerância zero, quanto as reservas de combustível e de água, bem como de comida. Sabemos de casos em que a pequena Boucle em torno do Erg Chebbi, se transformou em tragédia, pelas reservas de água serem quase nulas, porque se facilitou com “ é só uma pequena volta, e o 4×4 convém ir leve”….
  6. Nas zonas de fronteira em que o nº de controlos por militares é mais apertado a sua localização, pode ser benéfica, para nosso controlo e para sabermos que estamos a ser “seguidos” o que pode facilitar em caso de avaria ou de força maior.
  7. O tipo de GPS e da cartografia instalada é fundamental. Os GPS’s da nova geração suportam os “tracks logs”, sejam os percursos reais com todos os seus pontos, facilitando a navegação e orientação. A nova cartografia rotável ou roteável, veio facilitar em muito a navegação nas grandes pistas. Por norma os novos sistemas de recepção de satélite da última geração, permitem que o erro seja quase nulo e que não haja perdas de sinal, com os aborrecidos traços rectos encaixados nos percursos.
  • Em resumo, podemos salientar que um Passeio/Expedição, que considere os pontos que enumeramos tem todas as condições para ter êxito, e que:
    • Um “track partilhado”, não é mais do que uma indicação de um percurso, não devendo por isso ser seguido sobre a linha. Devem ser analisadas “in loco” as variáveis que nos são facultadas, como novas pistas ou trilhos para o mesmo local;
    • Um “track partilhado” nem sempre pode ser feito a solo;
    • E que é fundamental conhecer a fonte do “partilhador”
    • Caso seja um “partilhador” considere fazer a partilha do seu track, com toda a informação, para que os outros possam usufruir com segurança,
    • E para terminar, quando for “descarregar” um track ou ponto de interesse, é conveniente criar os seus arquivos, com a seguinte sequência»»País»»Zona»Nome do Partilhador»»4×4»»trail, seja por exemplo Marrocos»»Parola Gonçalves”Wikiloc”»»Alto Atlas»»4×4.
  • Fiquem bem, e bons Passeios.
  • Parola Gonçalves

 

 

 

 

 


Comentários

9 comentários a “PERCURSOS (TRACKS) VERSUS AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE RISCOS”

  1. Boas!
    Só duas notas, no fim de descarregarem o track deveriam deixar um obrigado ao “partilhador”.
    Depois de percorrer o track deveriam passar no sitio da fonte e deixar um breve comentário para os próximos, o que ajudaria imenso, saber se os track estão actualizados.
    E assim tudo seria mais partilhavel.
    Abraço

    1. Avatar de Parola Gonçalves
      Parola Gonçalves

      Boas Luís Vidal.
      Eu pessoalmente faço isso e agradeço quando alguém me manda um email ou emite um comentário no próprio percurso.
      Inté.

  2. Grande Mestre, sempre a partilhar e a aconselhar.

    1. Avatar de Parola Gonçalves
      Parola Gonçalves

      Boas.
      Rui Miguel, faço o que posso, partilhar o que penso saber.
      Inté.

  3. Boas.

    Mais um Excelente artigo do nosso Mestre.
    Obrigado
    Inté

    1. Avatar de Parola Gonçalves
      Parola Gonçalves

      Boas Carlos, entonces, tudo bem?
      Quando voltamos a Marrocos?
      Inté

  4. Boas Parola. Estoy com ganas de volver a Marrocos, Se possivel era já amanha.
    Um abraço

    Inté

  5. Obrigado Mestre Parola. Conselhos sábios em qualquer parte do mundo.
    Abraço a 11000kms.