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Preciso de escrever isto, mas não sei começar. Ainda hoje quando ia para Aveiro com o meu fiel SAvimbi, lhe colocava  a questão porque ele vai ouvindo os meus desabafos e as minhas emoções.
O mês de Janeiro tem sido desde há uns anos uma duna difícil de ultrapassar.
Sei quando foi, mas não quero recordar nem o ano, nem o dia. Sei que foi em Janeiro, porque a minha “afilhada” fazia anos e notei que num dia limpo de Inverno, ao atravessar a Ponte sobre o Tejo, notava que os flash’s e os relâmpagos invadiam a minha cabeça.
Achei aquilo tudo muito estranho e fiquei preocupado, mas mais preocupado quando aos flash’s se juntou a “mosca”, aí é que me aprecebi da gravidade do caso.
Bem cedo, numa segunda-feira, fui à Clínica ter como o meu Médico o Prof. Joaquim Murta, que confirmou o pior, aquilo que eu mais temia, um brutal descolamento de retina, mais que um descolamento era uma cratera. Fui nesse instante confrontado com o pior cenário possível, um cenário negro e doloroso, para quem gosta de viver a vida ao ar livre.
Mas, nada mais havia a fazer do que confiar na Equipa Médica e avançar de imediato para a Sala de Operações.
O Prof. António Travassos, foi claro, preciso e de poucas palavras. Se tudo corresse bem, só ao fim de 62 dias se saberia, até lá repouso absoluto, não mexer e cumprir na íntegra todas as indicações. Era a escuridão total.
Não sei quanto tempo demorou a operação, sei que foi 3 ou 4 vezes mais que o normal, sei que foi utilizada uma nova ténica, com a introdução de gás, que funcionaria como uma “cofragem” empurrando a parede da retina para o seu lugar.
Tudo correu bem, mas existia um grande período de espera. Nunca entendi bem essa dos 62 dias, mas sei que contei, os dias, as horas, os minutos, os segundos e todos os instantes desses 62 dias.
Sei que tinha de estar deitado sobre o lado direito com o queixo a bater no peito e não podia mexer, tossir, espirrar ou fazer qualquer esforço ou ameaço de esforço.
Nesses dias, que foram uma eternidade, os meus dedos não se cansavam de contar, aprendi que o “instante” afinal é uma “eternidade”.
Hoje, dia 18 sei que estou a subir a duna e quando chegar à sua crista no dia 21, sei que nem as “moscas” nem os flah’s me vão incomodar, porque já não existem, a não ser na minha cabeça.
Fiquem bem. Que nunca o “instante” seja uma “eternidade”.
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