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Penso que foi em 1970, que eu e o Marques. nos aventuramos no nosso pequeno cruzeiro “Intrépido” numa regata entre o Clube Naval de Luanda, contornar uma boía a junto a Barra do Dande, subir até ao Ambriz e descer.

Por norma o vento à tarde soprava sempre favorável, nomeadamente para nós, já que podiamos chegar a Barra do Dande navegando com vento à popa e algumas vezes ao largo. Nessas alturas o nosso “Intrépido” dava cartas, já que recolhíamos o patilhão e era vê-lo deslizar, nomeadamente até passar a pequena Baía do Cacuaco de águas de cor de barro.

A largada foi a meio ou final da tarde, com o mar da Baía de Luanda calmo como sempre. Passamos pelo Farol da entrada da Baía e entramos em “mar aberto” em direcção a Barra do Dande, com rumo certo e sempre atento à bússola. A bússola era o nosso único instrumento de navegação para além de uma carta marítimaque acompanhava a costa de Angola.

O Porto de Pesca de Luanda era novo e ficava lá para os lados da Fortaleza de S. Pedro da Barra. Era um antigo Forte estrategicamente localizado para bombardear as armadas holandesas. Mais tarde virou prisão de “presos politicos” e depois de Abril de 1974, Quartel General da FNLA. Ao fim da tarde, eram centenas de barcos de pesca que saíam para o alto mar. Para nós isso era para nós umo problema, já que luzes de sinalização o nosso “Intrépido”, não tinha.

Não tinhamos motor nem bateria, somente umas lanternas a pilhas que tinham os vidros pintados de vermelho e verde. Quando era preciso lá eram acessa para marcar presença nomeadamente a contornar as boías, junto ao barco do Juri.

Mas adiante, sei que fomos dos primeiros, a contornar a boía a Boía da Barra do Dande, mas a coisa complicou-se em direcção ao Ambriz, já de madrugada. O vento rodou e o nosso “Intrépido” foi-se abaixo das canetas, não era especialista a andar à bolina. Ainda me lembro que na Barra do Dande havia um Quartel com tropa que fazia uma grande festa sempre que algum barco contornava a boía. Em termos de guerra a zona era quente já que tanto a FNLA e o MPLA eram fortes na zona.

Foi um suplício subir até ao Ambriz. Virada a boía do Ambriz, tivemos vento de feição até a enseada do Cacuaco, sabendo que ao regresso até a Clube Naval era novamente à bolina, mas desta vez com mar picado, com o “Intrépido” a enterrar a proa na sua marcha penosa. Estavamos ansiosos por passar o Farol da Ponta da Ilha, para termos mar mais chão, chegar ao Clube e descansar.

Correu tudo bem, chegamos muito depois ao Clube Nuno Álvares, cansados mas felizes por mais uma odisseia.

Uma Foto do Famoso “Intrépido”.

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