PROVA DE NAVEGAÇÃO NA ZONA DE CAMPO MAIOR

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Isto não é ficção mas a realidade.

Em 1988 o Clube Todo Terreno organizou uma Prova de Navegação na Zona de Campo Maior e estabeleceu o Quartel General junto a Barragem do Caia.

Era uma prova de navegação com pontos a vista para difícil para os tempos de então.

O Grupo Moto Verdes tinha evoluído por motivos “legais” para uma Secção de Todo Terreno Do Rugby da Lousã que ainda existe e ainda funciona, pelos menos aos jantares de sexta-feira e de um Passeio Familiar Anual.

Pelos serviços prestados e pelas causas defendidas o Clube Todo Terreno tinha agraciado a nossa Secção do RCLousã com um diploma de Sócio de Mérito, que orgulhosamente o RC Lousã tem na sua SEDE.

Mas vamos ao que interessa.

Eu o Rui Barata o Luís Martins e o Metello, ya com dois “LL”, quando recebemos a carta do Clube,toca de inscrever e partir para uma aventura  e que aventura, pessoal.

Eu tinha uma Aprilia 350 com motor de arranque um luxo para a época, o Luís a sua fiel e natiga Suzuki 125 a dois tempos e o Metello um série III com motor de um Merceds 190D montado a pressa pra a prova de navegação.

Tinhamos combinado sair de manhã cedo do tipo 9.00 horas para ir nas calmas, mas ás 4.00 da tarde ainda estavam de volta do Série/Mercedes a adaptar tudo emais alguma coisa.

Bem, perto das 17.00 horas na partimos nós, eu e o Luís de mota e o Metello e o Rui Barata de Série/Mercedes, chovia que era uma coisa louca e nós a uns 350 kms da Barragem, mas nada de desistir porque “só os duros é que penetram”.

Não andamos muito, perto de Miranda o Série/Mercedes tem a 1.ª de muitas panes, começa a aquecer e voilá o radiador furado.

Rebocamos o Série/Mercedes para uma oficina e desmonta-se o radiador e o Zé Corno, sim é esse o nome, solda o dano e como era expedito toca de arrancar a torneira de drenagem.

Partimos novamente com uma chuva do caraças, mas nada de desistências o rumo é Barragem do Caia. Mas também não andamos muito, não passamoa de Cabaços, que raio de nome de terra, e eis que dá de novo a “Borra” ao Série/Mercedes, começa a aquecer e a “verter águas”. Lá fui eu e o Luís a procura de um tipo para soldar o radiador novamente enquanto o Barata o desmontava, ficou especialista, de tanto mesmonta/monta.

No Largo em Cabaços perguntamos a um homem se alguém nos podia soldar um radiador e este repondeu de imediato, “Só se for o Joaquim Jeitoso”, que mora no fim da rua.

Lá fomos e o homem tinha pinta de “jeitoso”. Naquele quintal era sucata por todos os lados, mas disse logo que arranjava o radiador. Maçarico numa mão, solda na outra e radiador pronto e toca de continuar viagem rumo a Barragem do Caia debaixo de uma forte chuvada.

Passado um bocado o limpa vidros que já ameaçava ficar quieto, ficou mesmo e nada melhor que parar numa tasca e pedir uma batata e lá ia o Rui Barata passadno a batata descascada de vez em quando no vidro. De salientar que o Metello ainda via menos do que eu e tinha feito aos dois olhos transplantaes de córnea, tinha sido o pioneiro. O Man a noite não via nada e a chover pior com aquela luz de um Série/Mercedes.

Perto de Tomar, junto a umas Bombas que agora são da Total, havia um brutal acidente de automóvel e tivemos de parar, e eis que sou albarroado pelo Luís com a sua 125 ainda com travões de tambor atrás e a frente, e catapruz, volante torcido, piscas partidos, umas escoriações e Luís em frente já que a mota não parava com os travões molhados e vidrados.

Levantamos a Aprilia e paramos na agora “Total” para ver os estragos e reparar o que fosse.

Metello olha para a temperatura e voilá no vermelho e o Série/Mercedes “mijava” água, mas desta vez não era do radiador era de uma rela. Mas nada que não se resolvesse porque o objectivo era a Barragem do Caia. Vai-se ao tasco e pede-se uma rolha de cortiça e toca de tapar o buraco da rela e esperar que a rolha inchasse para não sair. Seiq ue coloquei os meus óculos em cima da bomba e quando procuro por eles nada. Sem óculos não haveria Barragem do Caia.

Então disse em voz alta “o tipo que me ficou com os óculos está tramado , aquilo são umas lentes muito fortes”. Fomos ao café e quando voltamos os óculos lá estavam.

Toca a partir e eram duas da manhã quando chegamos a Arronches e tivemos que parar porque a Aprilia já trazia a reboque o Luís que tinha ficado sem gasolina.

A solução foi esperar que a bomba abrisse de manhã.

Então decidimos dormir numa pensão, para secar a roupa e tomar um banho quente.

Lá batemos a porta de uma pensão e alugamos um quarto, só que não havia água quente, dizia o homem e nós a mirarmos o cilindro mas desligado.

O homem basou e nós toca de ligar o cilindro e as 6 da matina tudo foi ao banho, porque queriamos chegar a Barragem. Atestamos as motas e o Série/Mercedes e chagamos a Barragem do Caia e o espectáculo era lindo, bués de 4×4, bués de tendas, muito pessoal. Fizemos o check in e toca de partir para a prova.

Metello era um excelente condutor, só não tinha caaro a altura, mas o Man tinha queda para andar de 4×4. Fizemos os primeiros 3 ou 4 pontos e eis que perto de Monsaraz o Série/Mercedes vai de novo ao vermelho. Paramos e radiador rôto novamente.

Então de dia e com muita atenção, reparamos que as pás da ventoinha,tinham ido embora, seja quando o Série/Mercedes fazia uma curva mais apertada as pás batiam no radiador e buraco. Nada que o Rui Barata não resolvesse, aligate de corte e toca de colocar as pás de ventoinha mais curtas, porque agora era precisi chegar a casa. Mas para isso era preciso raranjar outro “Joaquim Jeitoso” e apareceu mesmo aí a uns 50 metros de nós. Lá estava ele, com uns 60 anos, chapéu na cabeça. Fomos ter com ele e disse-nos, “eu soldo isso” e assim foi.

Bem depois de tanto monta/desmonta o melhor era regressar.

Com as pás cortadas o Série/Mercedes, chegou a casa, aquecendo mais um pouco, paramos mais vezes, mas chegamos, sem que pelo caminho o Metello não comprasse um motor de um série para este ficar mesmo Série/Série. E comprou em Miranda do Corvo um motor reparado.

Pelo que fizemos da prova que estava a correr bem, descobri que também era “O Joaquinzinho da Orientação”, que também era jeitoso. Chegava a conduzir a Aprilia com a carta militar no depósito em navegação pura nos passeios e provas. Ainda hoje trago umas marcas de umas quedas nessa prova em que a Aprilia se lembrou de visitar o arame farpado de uma herdade.

Fiquem bem.

Parola Gonçalves “Joaquinzinho Jeitoso da Orientação”

Inté.


Comentários

3 comentários a “PROVA DE NAVEGAÇÃO NA ZONA DE CAMPO MAIOR”

  1. Excelente!20 anos depois com tanto pormenor,…fartei-me de rir.

  2. …e eis que aparece o Mestre Parola Gonçalves, o Joaquinzinho Jeitoso da Orientação!!!lol

    Esta está de mais!!! Boas recordações sem duvida…

    Quando te deixares das “lides” do volante e do computador, vais ter de escrever essas memórias. Eu meto uma cunha cá em casa a alguém para as teclar!!! …aliás…está ali aos saltinhos, deserta para começar!!! …querias gaja… o homem ainda tem muito que “pedalar”!!!

    Um abraço e que nos vás deliciando com estes relatos.

  3. Boas.
    Ia largado na Aprilia quando me vejo a voar em direcção ao arame farpado da vedação de uma Herdade.
    Fiquei picado e preso na vedação e o resto do pessoal a rir que nem uns perdidos. As marcas ainda cá estão e já não saem.
    Fiquem bem.