O SOLDADINHO NÃO VOLTA DO OUTRO LADO DO MAR

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Boas.

Um destes dias quando me dirigia a uma obra no DefTd5White, comecei a ouvir o Zeca Afonso que me fez recordar duas fases distintas da minha vida, o antes e o depois revolução.

Na fase do antes recordei-me que para ouvir o Zeca Afonso na nossa Associação de Estudantes, era preciso montar um esquema de vigilância apurado e eficiente para não termos problemas.

Então ouvir Zeca Afonso, Correia de Oliveira, Fausto, Fanha, Bonga, Mingas e muitos outros, era sempre um grande desafio.´

De vez em quando aparecia por lá a DGS ex-Pide, que tinha os seus informadores, sempre atentos, que levavam todo o material.

Muitas vezes alguns colegas deixavam de ir as aulas semanas e o motivo era o mesmo de sempre, os Bufos em acção mesmo contra os próprios colegas. Aconteceu isso ao Flores, ao Melo, ao Pedro, ao Paiva e muitos outros.

Acontece que estando eu no último ano do Curso estava já a estagiar numa empresa especializada em fundações especiais que se chamava “A Sondadora” e ficava junto a Jomar e a Canada-Dry a caminho do Bairro da Cuca. Esta Empresa estava a construir as fundações especiais do novo hospital de Luanda que teria 24 pisos acima do solo e eu tinha a função de determinar os assentamentos diferenciais do grupo de estacas através de uns caixotões enormes carregados com muitas toneladas de areia sobre a cabeça das estacas que estavam solidariamente interligadas por uma viga de fundação.

Estas medições eram feitas com horário estabelecido e na visita das 4.00 horas da matina, estava eu de lanterna em punho a verificar e a anotar os assentamentos, quando chega ao pé de mim o Engenheiro Mendes e diz ” Parola estive via rádio a falar com a empresa mãe que era a Teixiera Duarte em Lisboa e houve um Golpe de Estado em Portugal, mas não podes dizer nada, porque a situação está confusa.

Bem as dez da matina desse dia, 25 de ABRIL as portas da Associação de Estudantes, abriram de par em par e António Correia de Oliveira, Zeca Afonso, Fausto, Fanha, Zé Mario Branco, Bonga e Mingas, passaram a ser ouvidos de forma livre e sem medos.

Eis que o dia corre tenso, mas a meio da tarde todos aqueles que se tinham sumido apareceram novamente.

Depois desse dia nada ficou igual e a batalha seguinte foi a Reforma do Ensino, em que eu e muitos outros nos batemos forte e feio, mas em Maio de 1975 era aprovada pelo Governo de Trânsição.

Quando puder escrevo sobre a Reforma do IIL.

Inté.